I SÉRIE — NÚMERO 65
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apresentaram na Assembleia da República, foi publicada a Resolução da Assembleia da República n.º 9/2018,
de 15 de janeiro, que recomenda ao Governo o lançamento de um programa de autoproteção que promova
campanhas de informação e sensibilização sobre como agir em caso de incêndio florestal. Esta é uma questão
que está bem plasmada no Relatório sobre os incêndios de Pedrógão e para a qual volta a ser chamada à
atenção neste Relatório.
Nessa Resolução também se exortava o Governo a lançar, ao nível local, regional e nacional, um programa
com medidas adequadas para garantir a autoproteção das populações e a promover uma campanha de
formação e sensibilização dos cidadãos sobre como agir em caso de incêndio, sendo que está referida
expressamente a necessidade de testar o programa através de simulacros.
Por outro lado, nessa Resolução também é recomendado ao Governo que lance campanhas de
sensibilização, estratégicas e de proximidade, destinadas à prevenção de ignições resultantes de ações
negligentes — questão que foi salientada no Relatório em discussão, onde se pode ler que as queimadas têm
uma responsabilidade bastante significativa ao nível das ignições — e que determine a promoção de uma ampla
divulgação dos conteúdos essenciais destes programas e destas campanhas, em cooperação com os órgãos
de comunicação social.
Srs. Membros do Governo, estamos no final de março. Impõe-se perguntar: o que está o Governo a fazer em
concreto para cumprir a Resolução aprovada na Assembleia da República? É que não tarda estamos no verão.
A questão do lançamento deste programa e desta campanha relativamente às matérias de autoproteção é,
na perspetiva de Os Verdes, fundamental.
Na página 198 do Relatório, há uma questão muito interessante — e para a qual Os Verdes têm chamado
recorrentemente à atenção — que se prende com um histórico do desmantelamento da estrutura da gestão das
políticas para a floresta, designadamente desde meados e finais dos anos 90. É salientado o desmantelamento
do Instituto Florestal, a transferência do corpo da Guarda Florestal e da gestão da Rede Nacional de Postos de
Vigia para a GNR, a instabilidade organizativa com sucessivas reestruturações, muito planeamento sem
correspondentes meios disponíveis e capacidade de implementação, redução substancial de funcionários do
quadro da entidade florestal. Enfim, trata-se de um conjunto de medidas permanentemente tomadas que
falharam na estabilidade orgânica e nas condições de funcionamento dessa orgânica.
É por isso que, dando passos em frente, Os Verdes, tendo em conta esta realidade, querem perguntar o
seguinte: como é que vamos dotar, doravante, o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas)
de investimento e de pessoal adequado para agir no terreno? Este é um Instituto que, de facto, tem estado
votado a uma suborçamentação constante por parte de sucessivos governos. Já se percebeu que assim não
vamos lá e já se percebeu que precisamos de pessoal treinado, formado, em número suficiente para agir
efetivamente.
Srs. Ministros, como temos recebido queixas no terreno, pergunto também: que apoio psicológico está a ser
prestado aos bombeiros, que são as pessoas a quem vamos pedir serviço no próximo verão? Que apoio efetivo
está a ser dado a estes bombeiros, a estes heróis nacionais que andamos permanentemente a saudar, e bem,
mas aos quais temos de dar condições de ação?
Tinha mais perguntas para colocar mas ficarão, certamente, para a minha intervenção final.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Administração Interna,
Eduardo Cabrita.
O Sr. MinistrodaAdministraçãoInterna: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, agradeço as questões
que me colocaram.
Muito diretamente, porque não disponho de muito tempo, começo por responder à Sr.ª Deputada Emília
Cerqueira, resposta que aproveitará também, na sua maioria, ao Sr. Deputado Telmo Correia.
O Governo assume todas as responsabilidades e tira todas as conclusões deste Relatório feito pela
Comissão Técnica Independente, como retirou do Relatório anterior. É por isso que, em matéria de planeamento,
de combate, de prevenção e de resposta aos desafios estruturais, desde o Conselho de Ministros extraordinário
de 21 de outubro, estamos intensamente a fazer tudo para que o futuro seja diferente, mas, sobretudo, para
termos o tal meio para que este ano seja diferente.