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I SÉRIE — NÚMERO 65

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Relatório e, permita-me que lhe diga, o Sr. Ministro começa pelo princípio e fala do fim, mas sobre todo o meio,

sobre todo o corpo do Relatório, sobre tudo aquilo que este Relatório nos demonstra,…

O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Zero!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … zero. Ou seja, o Sr. Ministro começa por referir as condições extremas,

as condições climáticas únicas, o furação Ofélia, o momento muito difícil — o que é tudo verdade e está no

Relatório —, mas, depois, salta daí para a limpeza da floresta, para as medidas do Governo, etc. Sobre tudo o

que está pelo meio não disse nada. Ou seja, não disse que houve uma falha completa do Governo, de que o

senhor faz parte, de previsão dessas mesmas circunstâncias,…

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … que houve uma falha quando não se pediu o estado de calamidade,

que tinha estado previsto em agosto e que não foi mantido para outubro, que houve uma falha quando não se

prolongou a fase Charlie, fazendo com que houvesse menos 4222 operacionais e 30 meios aéreos, que houve

uma falha de previsão absoluta e incompetência. Sobre isto, nada. Peço-lhe desculpa, mas o Sr. Ministro parece

um daqueles discos antigos que começa muito bem, mas, depois, dá um salto e vai para o final dessa mesma

faixa. Sobre isso não disse nada, sugiro que aproveite esta oportunidade para o fazer.

Nós não queremos passar a vida a discutir o passado, mas se não tirarmos lições do passado, com o que

aconteceu com os incêndios de Pedrógão e até com os incêndios de outubro, durante quatro meses, não

conseguiremos preparar o futuro.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Em segundo lugar, Sr. Ministro, já na discussão e nos debates que

tivemos no que eu poderia chamar de pós-relatório, acontece um facto extraordinário, é que, para além destas

falhas de que falei, há uma outra ainda mais grave, que é a possibilidade de ter sido pedido, dada a insuficiência

de meios, um reforço de meios ao Governo e de esse reforço ter sido negado.

O Sr. José Miguel Medeiros (PS): — Isso não é verdade!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O que é que sabemos sobre isso? O ex-Secretário de Estado e nosso

colega Deputado Jorge Gomes veio dizer exatamente o que acaba de dizer o Sr. Deputado José Medeiros, que

isso não é verdade, que isso é uma mentira que está no Relatório. Mas não é uma mentira que caiu do céu que

nem uma tempestade, é uma mentira dita por aquele que era, na altura, o segundo comandante e o comandante

operacional, o Sr. Tenente-Coronel Albino Tavares.

Portanto, Sr. Ministro, temos aqui uma questão que tem de ser dilucidada, que tem de ser respondida.

O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Muito bem!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Isto porque de duas uma, Sr. Ministro, ou aquilo que o Sr. Deputado

Jorge Gomes diz não é rigoroso — mas o Sr. Primeiro-Ministro diz que ele é que sabe —, ou, então, um tenente-

coronel de carreira da GNR, que era o comandante operacional na altura, esteve a mentir. Sendo certo, Sr.

Ministro, que o senhor também não escapa a esta discussão, e não escapa por uma razão simples, porque,

curiosamente, este tenente-coronel é o mesmo em relação ao qual se levantou a polémica da fita do tempo, em

Pedrógão, estamos recordados. Depois disso, o senhor nomeou-o e tem agora um Deputado do seu partido a

dizer que ele diz mentiras. Pergunto, Sr. Ministro: mantém ou não a confiança, uma vez que ele é adjunto do

atual Diretor Nacional da proteção civil?

Esta é uma questão fundamental, Sr. Ministro, porque isto causa um problema: os senhores falam em

confiança, falam em ações positivas — nós vimos como muito positivos foram aqueles 6 minutos e 47 segundos

tão intensos em que o Sr. Primeiro-Ministro limpou as matas —, está tudo muito certo, juntamo-nos a esse