20 DE ABRIL DE 2018
23
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialista, tem a palavra,
para uma intervenção, o Sr. Deputado Rui Riso.
O Sr. Rui Riso (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Cumprimentando-os, começaria por
manifestar aqui a minha grande admiração pelo facto de os argumentos aqui aduzidos quer pelo PSD quer pelo
CDS, relativamente a proibir, a impedir, a limitar os investimentos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, não
tenham tido em consideração os proveitos que a própria Santa Casa tem tirado para a prossecução dos seus
interesses, da sua ação e do reforço da sua ação.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Bem lembrado!
O Sr. Rui Riso (PS): — Já foi aqui referido que, ao longo dos anos, a Santa Casa teve diversíssimos
investimentos no mercado de capitais. Não há memória, nem registo da memória, sobre quem era o ministro e
quem era o provedor quando a Santa Casa fez uma aposta muito clara na privatização dos CTT. Não há
memória, nem registo, nem memória do registo de quando a Santa Casa decidiu fazer um grande investimento
em reforço do capital do Millennium BCP. Não há memória, não há registo, nem memória, nem registo, de
quando a Santa Casa realizou uma operação de leasing imobiliário. E, já agora, também convém não esquecer
a forma como muito imobiliário vai parar às mãos da Misericórdia, através de doações de muitas pessoas que o
fazem e que, depois, também criam a necessidade de a Santa Casa resolver o problema desse património que
detém.
Portanto, está aqui muito claramente dito e referido que tanto o problema do CDS como o problema do PSD
não tem a ver com os investimentos que a Santa Casa da Misericórdia faz, tem, sim, a ver com quem é hoje
Ministro e, provavelmente, com quem hoje é Provedor, porque, se calhar, se fosse há alguns meses não se
colocaria o problema porque o Provedor era outro. Quem sabe se se colocaria, ou não!?
Aplausos do PS.
Posto isto, interessa resolver e, sobretudo, limitar e apagar esta dúvida permanente que se lança sobre quem
tem de gerir e sempre geriu ao longo de tantos anos, com proveitos — e, pelos vistos, soube bem gerir —, o
património e a liquidez que tem ao seu dispor.
Primeiro, era a questão dos 200 milhões de euros. Os 200 milhões de euros impediriam a ação da
Misericórdia porque absorveriam quase toda a liquidez da Misericórdia. O que acontece é que, quando passa
de 200 milhões de euros para 18 milhões de euros, continua a ser um grande problema a prossecução da missão
e da obra da Misericórdia.
Neste percurso, foram ouvidas várias entidades. Foi ouvido o Sr. Provedor da Misericórdia. Foi também
ouvido o Sr. Governador do Banco de Portugal, para se pronunciar sobre as condições financeiras em que se
encontrava o banco Montepio, que cumpria todos os rácios de solvabilidade, de acordo com a afirmação que
fez, a menos que, hoje, o PSD e o CDS duvidem da palavra do Sr. Governador do Banco de Portugal. Já agora,
convém saber se continuam a acreditar, ou não, no Sr. Governador do Banco de Portugal e na ação de
supervisão do Banco de Portugal — era bom que esclarecessem o que pensam acerca da ação do Banco de
Portugal enquanto entidade de supervisão. E foi ainda ouvido o Sr. Ministro relativamente à parte que lhe cabe
naquilo que diz respeito à supervisão, se se quiser, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Convenhamos que acerca disto foram dados todos os esclarecimentos. O CDS e o PSD ignoraram
olimpicamente todos os esclarecimentos que aí foram dados e defenderam hoje aqui a sua posição como se
nada tivesse sido feito, como se ninguém tivesse sido ouvido, como se as pessoas…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. Rui Riso (PS): — Termino já, Sr. Presidente.