11 DE MAIO DE 2018
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Para eles peço uma especial saudação.
Aplausos gerais, de pé.
Para uma intervenção, tem, agora, a palavra o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A história do arrendamento
urbano, em Portugal, é um filme trágico com mais de 100 anos. Décadas de sucessivos congelamentos de
rendas, entraves à oposição à renovação dos contratos e uma insuficiente resposta do sistema judicial
culminaram numa degradação do parque edificado, num crescente número de casas devolutas e numa
expansão urbanística descomedida para as periferias das cidades.
Todos nos recordamos dos centros históricos de Lisboa e Porto: eram locais desabitados, com prédios
devolutos, em ruína ou com péssimas condições de habitabilidade. Contudo, o Novo Regime Jurídico do
Arrendamento Urbano, aprovado em 2012, conjugado com outras reformas, permitiu iniciar a inversão desta
triste realidade.
Sim, a reforma estava a fazer o seu curso e a realidade estatística comprova-o: mais 266 000 novos contratos
de arrendamento, em 2016, e 84 000, em 2017. Sim, estes resultados poderiam ser melhores, não fosse dar-se
o caso da esquerda parlamentar ter protelado o congelamento de rendas para não pagar o subsídio de renda
devido aos idosos e às pessoas portadoras de deficiência.
Sim, estes resultados poderiam ser melhores não fosse dar-se o caso de a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua
ter dito que era preciso perder a vergonha de ir buscar dinheiro a quem estava a acumular dinheiro, e dessa
sentença ter nascido o adicional do IMI.
Sim, apesar da retração do último ano, por força daquelas decisões, a partir de 2012 passou a haver um
mercado de arrendamento que antes praticamente não existia.
Os incentivos à fixação de cidadãos de outras nacionalidades, o investimento estrangeiro no mercado
imobiliário, o boom turístico que impulsionou o alojamento local, e não o contrário, contribuíram decisivamente
para o crescimento económico do País, mas colocaram novos condicionalismos ao mercado de arrendamento.
O primeiro equívoco da esquerda parlamentar é não perceber que o problema não é, nunca foi, a lei do
arrendamento urbano de 2012, é a nova realidade que demanda uma nova abordagem. O segundo equívoco é
apontar soluções sempre a pensar na macrocefalia de Lisboa e do Porto, esquecendo que o País não é apenas
Lisboa e o Porto.
Aplausos do PSD.
O terceiro equívoco da esquerda parlamentar é enveredar por supostas soluções pelo lado da procura
quando a atenção tem de estar centrada no lado da oferta.
Aos equívocos, a esquerda parlamentar acrescenta o seu preconceito ideológico profundo contra a
propriedade privada, bem patente na defesa do protelamento do congelamento das rendas, da imposição de
contratos vitalícios, da renovação garantida dos contratos, da proibição dos despejos e dessa medida inaudita
chamada «requisição temporária de imóveis», que mais não é do que um regresso ao passado, como aqui já foi
dito, ao Gonçalvismo, aos tempos do PREC (Processo Revolucionário em Curso).
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — O Estado, o maior proprietário em Portugal, com milhares de imóveis
devolutos e degradados, que não trata nem cuida do que é seu, vai, por proposta do Partido Socialista, poder
expropriar à força os proprietários para resolver, à conta daqueles, um problema que é seu e só seu.
Aplausos do PSD.
Protestos do PS.