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I SÉRIE — NÚMERO 65

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organizar este debate sobre a internacionalização da economia portuguesa. É com todo o gosto que participo

nele, em nome do Governo.

Como sabem, este Governo, do nosso ponto de vista, procedeu a uma alteração fundamental, que foi a de

institucionalizar, sob a tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros, os instrumentos de política pública

destinados ao fomento da internacionalização da nossa economia. E gostaria de explicar por que razão o

fizemos.

Fizemo-lo porque entendemos que a internacionalização económica adquire o seu pleno sentido num quadro

mais geral de internacionalização de diferentes dimensões e recursos da sociedade e das instituições

portuguesas. Por isso é que eu tenho considerado a internacionalização como um dos objetivos fundamentais

da política externa portuguesa, da mesma forma que a integração europeia, a aliança transatlântica, o papel e

a ligação às comunidades portuguesas, a ligação especial à lusofonia e à Comunidade dos Países de Língua

Portuguesa e a vinculação ao multilateralismo.

A internacionalização é, e do meu ponto de vista deve ser, um destes seis grandes desígnios da política

externa portuguesa.

Por isso devemos articular o que fazemos na frente económica com o que fazemos nas outras frentes da

internacionalização: na difusão internacional da língua portuguesa, que vale, por si, 17% do nosso produto

interno bruto (PIB); na promoção internacional da cultura portuguesa; na internacionalização do nosso sistema

de ciência e do nosso sistema de ensino superior.

Em todas estas frentes, não só há valor económico — há valor económico na língua, há valor económico na

cultura, há valor económico na ciência e no ensino superior, bastando recordar, por exemplo, que mais de 10%

dos estudantes que hoje frequentam universidades e politécnicos portugueses são estrangeiros —, como

também há ajuda ao nosso trabalho na internacionalização da nossa economia.

Gostaria de dizer isto, porque muitas vezes o ouvi a uma das personalidades que mais influenciou, no sentido

positivo, as políticas públicas portuguesas, que sempre se bateu pela inscrição da internacionalização nas

nossas políticas públicas e que, se fosse vivo, faria hoje exatamente 70 anos — estou a referir-me ao Professor

José Mariano Gago.

Aplausos do PS.

No que diz especificamente respeito à internacionalização da economia, temos de ter bem claros no nosso

espírito quais são os nossos objetivos fundamentais. E os nossos objetivos fundamentais são cinco, que passo

a referir.

Em primeiro lugar, o de fazer aumentar o nosso comércio externo — torná-lo e mantê-lo como um comércio

externo de saldo de balança de bens e serviços positivo para nós, assim contribuindo para evitar o nosso défice

externo — e aumentar o peso das exportações no nosso Produto. Esse é um primeiro objetivo muito claro.

Um segundo objetivo é o de apoiar e promover o investimento português no estrangeiro. É muito importante

para a internacionalização a capacidade de as nossas empresas disputarem em ambientes competitivos

oportunidades de investimento, e é o que está a suceder em todos os continentes. Em todos os continentes as

empresas portuguesas investem.

O terceiro objetivo consiste em captar o investimento estrangeiro em Portugal, designadamente o

investimento produtivo, aquele que não se limita a vir às compras, a baixo preço, de ativos estratégicos nossos,

mas um investimento que aqui cria riqueza, aqui cria inovação e aqui cria emprego.

O quarto objetivo é o de apoiar as empresas portuguesas, as que exportam, as que investem, na cadeia de

valor internacional. A cadeia de valor hoje é global e é preciso que se mantenha esta tendência — aliás, já bem

documentada pelo Sr. Deputado Carlos Pereira — de subida gradual das empresas, seja do ponto de vista da

incorporação tecnológica, seja do ponto de vista dos segmentos que ocupam no mercado internacional.

Finalmente, um quinto objetivo, que sistematiza e dá alcance aos anteriores, que é o de melhorar o padrão

de especialização da economia portuguesa. Isto é, fazer assentar os nossos fatores de competitividade

internacional, não em baixos salários, mas, sim, em inovação, em qualificação, em gestão e em recursos. Essa

é, aliás, a principal diferença da política de internacionalização do atual Governo face à política de

internacionalização do anterior Governo. Uma política de internacionalização que, erradamente, pensava ou

presumia que era possível fazer assentar os fatores competitivos da economia portuguesa em baixos salários,