I SÉRIE — NÚMERO 65
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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Boa pergunta!
O Sr. Ernesto Ferraz (BE): — O mesmo se poderia perguntar sobre os créditos do Banco Europeu de
Investimento ou do Plano Juncker, com 500 milhões de euros cada.
A anunciada utilização dos recursos para financiamento de capital de risco e business angels não chega para
potenciar as PME nos montantes de que elas carecem. Por isso, continuam a justificar-se as propostas que
Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda tem apresentado nesta matéria e que se referem à urgência de adotar
uma política de crédito que promova o aumento da liquidez cedida às empresas portuguesas, através do
reencaminhamento para o tecido empresarial, por via da Caixa Geral de Depósitos, do valor remanescente no
fundo de recapitalização da banca e da utilização desse fundo para conferir prioridade ao financiamento das
pequenas e médias empresas portuguesas, revertendo, assim, a tendência atual de benefício das grandes
empresas.
Por fim, e não menos relevante, tem sido a fatura paga pelos trabalhadores sempre que o chamado
«processo de internacionalização» lhes bate à porta.
O recente e trágico exemplo de encerramento da empresa têxtil Triumph, em Sacavém, e a inoperância de
que, quer o IAPMEI quer o próprio Governo, têm dado mostras para combater possíveis contornos de práticas
económicas pouco preocupadas com o emprego e os direitos dos trabalhadores mas, pelo contrário, muito
preocupadas com os lucros que a deslocalização da fábrica permitirá aos seus acionistas, é bem o exemplo da
internacionalização que este Governo e esta maioria têm de combater.
O crescimento e a internacionalização da economia não podem ser contra quem trabalha. Os laços laborais
devem ser garantidos e não se pode olhar para o aumento da competitividade da economia portuguesa,
ignorando, em particular, as ameaças sobre o trabalho e esquecendo a indignidade que constitui o aumento
explosivo da precariedade laboral neste País.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do PSD, o Sr. Deputado
Fernando Virgílio Macedo.
O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Esperemos que o trazer ao
debate neste Parlamento o tema da internacionalização da economia portuguesa seja o reconhecimento, por
parte do PS e consequentemente do Governo, da falência da política económica que, no início deste mandato,
o Governo dizia ir implementar, em que o crescimento da nossa economia seria assente no consumo interno e
no investimento público.
Esperemos que seja o reconhecimento de que, em linha com o que vinham sendo as apostas em termos de
política económica, é de importância vital para o nosso crescimento, quer presente quer futuro, a aposta, cada
vez mais forte, na internacionalização da nossa economia, com particular ênfase no crescimento das
exportações, no aumento das receitas do turismo e na captação de investimento externo.
Essa falsa partida do Governo, essa aposta inicial errada, em termos de política económica, fez-nos perder
um ano de crescimento económico. Hoje, dada a boa conjuntura internacional, poderíamos e deveríamos estar
a crescer melhor.
Hoje, o Governo tenta capitalizar para si méritos, em termos de crescimento económico, que sabe que não
são exclusivamente seus mas que são, sobretudo, consequência de políticas passadas e são, sobretudo,
consequência do trabalho e do esforço das nossas empresas, nomeadamente dos seus trabalhadores e dos
seus empresários.
Prova desse despertar tardio para a realidade é que, só dois anos após a sua tomada de posse, ou seja, a
metade da Legislatura, é que o Governo aprovou o Programa Internacionalizar.
Só em dezembro do ano passado é que este Governo, com a aprovação desse Programa, validou uma
estratégia para a internacionalização. Por miopismo ideológico, perdeu-se demasiado tempo, mas mais vale
tarde do que nunca.
Em termos económicos, este Governo, não tem sido pró-ativo, pelo contrário, tem sido pró-passivo, limitando-
se a recolher os resultados dos ventos favoráveis da conjuntura internacional, do dinamismo dos nossos