24 DE MAIO DE 2018
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O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, tenho ainda uma pergunta sobre
esta matéria: qual foi o facto concreto e novo que deu origem a que o Sr. Ministro Adjunto só nesta altura, há
dias, tivesse apresentado o seu pedido para não intervir nestas matérias?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Negrão, não terá reparado na resposta,
há bocado, mas vou repeti-la: o facto novo foi ter sido lançada uma OPA (oferta pública de aquisição), primeiro
momento em que o Governo, e, consequentemente, o Sr. Ministro Adjunto, podia ter de intervir numa situação
em que, sendo a empresa que lançou a OPA representada por uma sociedade de que o Sr. Ministro foi sócio
durante longos anos, e apesar de já não o ser, se poderiam suscitar dúvidas sobre conflitos de interesses. Foi
por isso que o Sr. Ministro entendeu que devia declarar-se impedido, foi este o facto novo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — É a vez do Sr. Deputado Fernando Negrão. Faça favor.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Sr. Presidente, o Sr. Primeiro-Ministro disse também que o Sr. Ministro
Adjunto já anteriormente estava a intervir no setor, e a isso ainda não respondeu. Mas, Sr. Primeiro-Ministro,
estas questões levam o seu tempo a ser esclarecidas e, com certeza, serão esclarecidas — assim espero, a
bem da ética e do comportamento de todos nós.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
Protestos de Deputados do PS.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Sr. Primeiro-Ministro, não queria deixar de abordar o tema da saúde, mais
uma vez.
Começo por manifestar as minhas condolências muito sinceras, bem como, tenho a certeza, as de todo o
Grupo Parlamentar do PSD, pelo falecimento do Sr. Dr. António Arnaut, deixando uma nota de pêsames aos
seus familiares, bem como, naturalmente, ao partido de toda a sua vida, o Partido Socialista. António Arnaut foi,
e será para sempre, uma figura notável da democracia portuguesa, que deixou uma marca indelével na vida
política nacional e, para além disso, sendo o pai do Serviço Nacional de Saúde (SNS), deixa-o como uma das
principais conquistas da democracia.
Sr. Primeiro-Ministro, a melhor forma de homenagear o Dr. António Arnaut é homenagear e preservar a sua
obra e garantir a todos os portugueses que continuarão a ter um Serviço Nacional de Saúde sustentável,
equilibrado, com qualidade e acessível a todos os portugueses. Porém, não é esse o Serviço Nacional de Saúde
que temos hoje, Sr. Primeiro-Ministro. Por isso, para fazer justiça ao Dr. António Arnaut, temos de fazer mais
pelo Serviço Nacional de Saúde.
Sr. Primeiro-Ministro, faltam médicos, faltam enfermeiros, faltam camas.
Protestos de Deputados do PS.
O Sr. Luís Monteiro (BE): — Falta vergonha ao PSD!
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Vejamos o que aconteceu ontem no hospital de Tondela-Viseu, com a
demissão de cerca de 90% dos dirigentes, o que acontece em Guimarães, com a falta notória de médicos, o
que acontece em Santa Maria, onde serviços têm de fechar por falta de enfermeiros — tivemos essa notícia
ontem —, porque não há autorização por parte do Ministério das Finanças e, obviamente, por parte de V. Ex.ª
para contratar enfermeiros.