25 DE MAIO DE 2018
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O persistente combate do PCP contra o agravamento do preço dos combustíveis, bem como dos restantes
produtos energéticos, não começou hoje nem se esgota na dimensão da carga fiscal. Se a carga fiscal existente
é inseparável da política de direita que, ao longo dos anos, aumentou os impostos sobre o consumo e sobre os
rendimentos do trabalho, ao mesmo tempo que os reduziu sobre o grande capital, aprofundando injustiças e
desigualdades na sociedade portuguesa, não é menos verdade que estes impostos não podem fazer esquecer
os escandalosos lucros, quer das petrolíferas quer das empresas do sistema electroprodutor, que nem o PS
nem o PSD nem o CDS questionam, lucros escandalosos que confirmam que as chamadas «entidades
reguladoras» apenas contribuíram para o branqueamento de uma política ao serviço dos monopólios.
Face ao agravamento do preço do petróleo nos mercados internacionais, o PCP considera que é necessário
e é possível reduzir a carga fiscal sobre os produtos energéticos. Para além do necessário ajustamento em
relação ao ISP que foi prometido, e não concretizado, pelo Governo PS e da redução da incorporação obrigatória
de biocombustíveis para 5,5%, proposta que o PCP apresentou no Orçamento do Estado e que foi rejeitada,
porque não teve o voto favorável nem do PS nem do PSD nem do CDS,…
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … é urgente avançar com a redução do IVA sobre a eletricidade, sobre o gás
natural e sobre o gás de botija.
Para o PCP, é necessário e é possível reduzir os lucros escandalosos das empresas do setor, em benefício
dos consumidores, das populações, da economia nacional, das micro, pequenas e médias empresas, repondo
a regulação dos preços numa matéria-prima que é estratégica para a economia nacional. É necessário que o
Governo PS concretize as medidas plasmadas e apresentadas na Resolução da Assembleia da República n.º
240/2016, que foi aprovada neste Parlamento por proposta do Partido Comunista Português, nomeadamente o
estabelecimento de um mecanismo de preços máximos tendo como referência os preços médios antes de
impostos da zona euro, o desenvolvimento de redes de combustíveis alternativos — gás natural, GPL — e a
avaliação das violações de concorrência no mercado de combustíveis, porque o processo que foi desencadeado
relativamente à auditoria às normas de formação dos preços dos combustíveis resulta precisamente da proposta
do PCP que foi aprovada e que deu origem a esta Resolução da Assembleia da República, a qual não fica por
aqui relativamente ao que já está a ser concretizado.
Para o PCP, é necessário e é possível aprofundar uma política de apoio aos setores produtivos — agricultura,
pesca, transporte de passageiros e mercadorias —, na qual se tem empenhado, como demonstram os avanços
alcançados, por proposta do PCP, nos últimos Orçamentos do Estado, relativamente aos apoios ao gasóleo
agrícola e à gasolina das pescas.
Temos desenvolvido um conjunto de propostas de forma sistemática, fundamentada, com rigor e, sobretudo,
com o objetivo concreto de agir com medidas políticas para responder aos problemas que são sentidos pelas
populações, pelas pequenas empresas, pelos setores produtivos, perante a política desastrosa que foi imposta
ao longo destes anos, uma política de direita que tem beneficiado sistematicamente os interesses dos mais
poderosos grupos económicos do setor petrolífero.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não podemos continuar com esta política, não podemos continuar a deixar
intocados os lucros extraordinariamente altos das empresas do setor e das multinacionais. Temos de dar uma
resposta efetiva para defender o interesse da população portuguesa e da economia nacional perante este poder
económico das multinacionais.
Para o PCP, é necessário e é possível abrir caminho a uma política que tenha como objetivo reduzir a
dependência energética e assegurar a soberania do País também nesta dimensão, objetivo que reclama uma
estratégia nacional, visando a recuperação do controlo público deste setor estratégico.
É nesse sentido que o PCP continuará a intervir.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.