I SÉRIE — NÚMERO 91
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A Sr.ª Ana Oliveira (PSD): — Sr. Presidente: As negociações do próximo quadro financeiro plurianual
decorrem em circunstâncias especiais, nomeadamente pelas que resultam da saída do Reino Unido da União
Europeia.
Sabemos todos, partidos políticos e Governo, que a proposta apresentada pela Comissão Europeia, em 2 de
maio, não favorece Portugal. Reduz o montante atribuído às verdadeiras políticas de solidariedade, à política de
coesão e à política agrícola comum.
Permitam-me que relembre as palavras da intervenção do Sr. Deputado do Partido Socialista quando referiu
que o Governo está onde devia estar. Ora, se está onde devia estar, deveria estar presente neste debate pela
importância dos projetos de resolução que estão aqui a ser discutidos hoje.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Oliveira (PSD): — De facto, recomendamos ao Governo que defenda com intransigência os
interesses de Portugal.
O Governo deverá também relembrar à Comissão Europeia que na sua proposta é referido que o próximo
quadro financeiro plurianual deverá alinhar melhor o financiamento disponível com as prioridades políticas atuais
da União que garantam, nomeadamente, uma União Europeia inclusiva e que proteja os direitos sociais.
Sabemos todos do alcance e da natureza dos desafios com que se defronta o mundo do trabalho e da
sociedade em geral.
Algumas tendências são novas, outras são mais antigas, mas implicam um maior número de medidas para
lhes fazer face. Destaco dois exemplos: as alterações nas estruturas sociais, bem como nos padrões familiares
e laborais e uma vida laboral mais longa.
O pilar europeu dos direitos sociais, se for devidamente implementado, permite dar respostas a estes
desafios atuais e futuros e satisfazer as necessidades essenciais da população, bem como garantir uma melhor
adoção e aplicação dos direitos sociais. É também por isso que recomendamos ao Governo que defenda os
interesses nacionais nesta matéria.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — A concluir o debate, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Sabemos da importância do
próximo quadro comunitário para o desenvolvimento de Portugal, para o nosso crescimento económico e para
a solidificação do crescimento do emprego, para conseguirmos garantir uma coesão social e uma coesão
territorial, das quais precisamos tanto. Infelizmente, os fogos de 2017 foram uma marca, foram um sinal de
muitas coisas que estavam erradas e que temos de saber corrigir. Certamente que termos uma política de
coesão social e territorial implica termos também a capacidade, do ponto de vista dos fundos comunitários, de
destacarmos fundos comunitários para o interior do País.
Sabemos da importância dos fundos comunitários para continuarmos a trabalhar na melhoria da qualificação
dos portugueses, muito especialmente num tempo tão difícil, que é o tempo de estarmos à beira de um novo
fenómeno na economia, o fenómeno da digitalização e da nova quarta economia.
Sabemos que precisamos de usar fundos comunitários para podermos inverter o grande inverno demográfico
em que estamos envolvidos. É exatamente por tudo isto que o CDS, em janeiro deste ano, apresentou um
projeto de resolução demonstrando, muito claramente, qual é a nossa opção e quais são as nossas prioridades
na negociação do próximo quadro comunitário.
Quando fazemos isso, entendemos que é muito importante abrir o debate político, mas hoje trazer este
debate ao Plenário do Parlamento é um imperativo nacional. Foi ontem mesmo conhecida uma proposta da
Comissão Europeia de redução de 7% das verbas da coesão, e é exatamente por isso que, neste momento, o
Parlamento português tem de se pronunciar sobre um tema tão importante para o nosso futuro como é o da
continuação desta negociação do quadro financeiro plurianual.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!