1 DE JUNHO DE 2018
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A segunda ideia que só um socialista tem é a de que os impostos não são pagos pelos portugueses. Ora,
lembramo-nos muito bem da última vez que o Sr. Deputado disse isso aqui, durante a discussão do Orçamento
do Estado para 2016, quando o Partido Socialista apresentou a proposta de criação de um imposto — a taxa de
ocupação de subsolos — e disse que não iria ser pago pelos portugueses. Mostro-lhe uma fatura de uma
empresa, em Portugal, Sr. Deputado, que está a cobrar exatamente essa taxa a um português. Portanto, essa
ideia de que os impostos criados não são pagos pelos portugueses é, objetivamente, mentira.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Por último, Sr. Deputado, relativamente a insinuações de
multinacionais e de impostos, o Sr. Deputado está ligado à criação de um regime fiscal de reavaliação de ativos
que só para uma grande empresa, que é a EDP, significou uma borla fiscal de 200 milhões de euros.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — O Sr. Deputado deveria ter um bocadinho mais de cautela quando
faz qualquer espécie de insinuação sobre qualquer outra bancada.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Nenhuma cautela!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Quanto às questões colocadas pelo Sr. Deputado Heitor Sousa, do
Bloco de Esquerda, devo dizer-lhe que há uma diferença objetiva entre a posição do CDS e a do Bloco de
Esquerda. É que o contributo do CDS está aqui, é conhecido desde janeiro. Logo no início do ano dissemos
quais eram as nossas prioridades e confesso que, durante este tempo todo, não conheço um papel, um projeto
de resolução, uma ideia do Bloco de Esquerda.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Heitor Sousa (BE): — É muito distraído!…
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Mas há uma segunda ideia que nos diferencia. O Sr. Deputado tem
uma postura sobre a Europa que acho incompreensível: «a União Europeia é má, nós não gostamos da União
Europeia, os fundos comunitários são maus, mas, afinal, queremos mais». Isto é, de facto, incompreensível! É
contra a Europa e contra a União Europeia, mas, no final do dia, quer pedir mais.
Como sabe, Sr. Deputado, não nos opomos a novas políticas, o que dizemos é que essas novas políticas
não podem ser feitas à custa de verbas como as da coesão e as da PAC (política agrícola comum). Isso não
está a acontecer noutros países. Olhe para Espanha, aqui ao lado, que até passará a ser um contribuinte líquido
a médio prazo. A verdade é que o Governo espanhol teve a capacidade de ter verbas a crescer, do ponto de
vista da coesão, em 5%, enquanto que, em Portugal, há uma redução de 7%. Portanto, esse seu argumento
não é verdadeiro, uma vez que há um conjunto de países que, mesmo com novas políticas, estão a conseguir
ir mais longe, estão a conseguir aumentar as verbas, e Portugal é que não está a conseguir aumentá-las.
Sr. Deputado, mais uma vez, há uma grande diferença entre a bancada do CDS e a do Bloco de Esquerda.
A bancada do CDS já apresentou e aprovou, no Orçamento do Estado para 2013, a criação de um imposto
sobre as transações financeiras.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. Heitor Sousa (BE): — Onde está ele?!