15 DE JUNHO DE 2018
5
Na verdade, nem os principais partidos políticos nem o Governo deram sequência a estes acordos, o que só
demonstra que não pode haver reforma na justiça sem a colaboração de todos. Como tem sido reiteradamente
sublinhado pelo Presidente do PSD, a reforma da justiça, e passo a citar, «deve ser feita pelos partidos e agentes
da justiça como um todo. Nenhum Governo sozinho, nenhum partido sozinho, consegue uma reforma da justiça
a sério. Temos todos de unir vontades e, com sentido patriótico, fazer um esforço que contribua para essa
reforma».
A aposta do PSD é numa reforma transversal da justiça que procure dar resposta às matérias que mais
preocupam os portugueses e que envolva não só os operadores judiciários, mas também, e sobretudo, os
partidos políticos.
Há que dotar a justiça do muito que ela carece: maior celeridade, mais meios, melhor gestão, maior
programação dos investimentos, melhor qualidade legislativa, maior especialização, melhores conhecimentos
técnicos, mais recato no seu funcionamento, melhor cumprimento do segredo de justiça e maior eficácia no
combate à corrupção.
Termino com as palavras e com o trabalho que o Presidente do PSD anda a fazer todos os dias no terreno,
em reuniões com todos os operadores judiciários: «Estamos a efetuar um diagnóstico aprofundado que visa
contribuir para o desenvolvimento de caminhos seguros para uma reforma global da justiça, a qual deve ser feita
pelos partidos e agentes da justiça como um todo. Assim, o objetivo é equacionar as questões desde o mais
ínfimo pormenor até à revisão constitucional. Ninguém está aqui contra ninguém. Estamos é contra um sistema,
que não funciona, e a favor dos cidadãos. Vamos apresentar um documento, com propostas concretas, ainda
nesta Sessão Legislativa para ser debatido e até alterado por todos os que queiram fazer e que queiram aderir
a isto: partidos, cidadãos e agentes judiciários.».
Temos, por isso, de unir vontades e, com sentido de Estado e sentido patriótico, fazer um esforço que
contribua para essa reforma.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Ainda na fase de abertura da interpelação, tem a palavra a Sr.ª Ministra
da Justiça.
A Sr.ª Ministra da Justiça (Francisca Van Dunem): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Iniciou-se hoje
o VIII Congresso dos Advogados Portugueses em cuja abertura, no final da manhã, eu deveria ter participado,
mas o agendamento desta interpelação, na semana passada, inviabilizou a minha presença.
Por essa razão, peço que relevem aqui o facto de me dirigir a esse conclave de advogados e desejar os
melhores êxitos para o Congresso.
Aplausos do PS.
Uma publicação recente sobre políticas de justiça nos 43 anos de democracia portuguesa identifica quatro
fases distintas, sendo a última, com início em 2003, a de procura de resolução para o problema da morosidade,
das pendências e das dificuldades de gestão e liderança dos tribunais.
Este diagnóstico reuniu um consenso alargado, tanto mais que algumas das suas premissas serviram de
base aos acordos político-parlamentares para a reforma da justiça firmados em 2006 entre o Partido Socialista
e o Partido Social Democrata. Foram acordos com base nos quais se decidiu e se iniciou em 2008, em regime
experimental, a reorganização do território judiciário, a instituição de órgãos de gestão nas comarcas e bem
assim as alterações no processo executivo.
Dez anos se passaram, entretanto…
Sr. Presidente, vou pedir desculpa, mas há um ruído de fundo na Sala que está a perturbar-me.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem toda a razão, Sr.ª Ministra.
Srs. Deputados, como acabámos de constatar, é preciso que sejam criadas condições no Hemiciclo para que
a Sr.ª Ministra se faça ouvir.
Peço, portanto, a todos os Srs. Deputados o favor de cooperarem nesse objetivo.