I SÉRIE — NÚMERO 100
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A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Mesmo assim, ainda não percebi o que ele é!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … e lembrar-se-á, certamente, que a discussão que foi feita nessa altura
permitiu que aperfeiçoássemos a nossa proposta e que concluíssemos que, do ponto vista técnico, é mais
adequada a solução do valor acrescentado líquido — uma definição que é económica e técnica, que está feita,
que já existe e que a Sr.ª Deputada sabe muito bem como se constrói — do que a do valor acrescentado bruto.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Não, não!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Quis encontrar um pretexto para justificar o distanciamento do CDS em relação
a esta proposta, mas mais valia que tivesse dito tudo, Sr.ª Deputada — mais valia que tivesse dito tudo!
Aplausos do PCP.
Nós sabemos porque é que o PSD e o CDS não querem acompanhar a proposta que o PCP apresenta: é
porque querem continuar a utilizar a discussão sobre a sustentabilidade da segurança social como pretexto para
cortar direitos, para cortar as condições de vida, para cortar os apoios e as prestações sociais, que, de resto, foi
aquilo que fizeram sempre que estiveram no governo e sempre que tiveram a possibilidade de decidir.
Aplausos do PCP.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Nada disso! Nada disso!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.as e Srs. Deputados, a política dos PEC (Programas de Estabilidade e
Crescimento), a política do pacto de agressão da troica, todo o rol de cortes nos salários, nas pensões, no
subsídio de desemprego e de doença, no abono de família e os convites que foram feitos à emigração trouxeram
ao País não a resolução dos problemas da segurança social, mas mais graves problemas à segurança social.
Se há coisa que estes dois últimos anos, com a reposição desses direitos e rendimentos que foram cortados
anteriormente, confirmam é que o caminho da defesa da segurança social é o caminho da reposição dos direitos
e dos rendimentos, porque é isso que permite o desenvolvimento económico e a arrecadação de mais
contribuições para a segurança social, ao ponto de elas hoje já permitirem uma situação superavitária.
O que isso significa, Sr.as e Srs. Deputados do PSD e do CDS, é que já hoje estão derrotadas as vossas
teses de que a solução para os problemas do País é o agravamento da exploração e o empobrecimento. Já hoje
está demonstrado que não é esse o caminho, o caminho a fazer é outro.
Esta proposta que o PCP aqui trouxe corresponde não só a essas exigências, mas também a questões que
hoje voltarão a colocar-se, como já se colocaram no passado, em relação à estrutura e à manutenção dos
modelos sociais, nomeadamente da segurança social, que temos.
Questões como a da designada «robotização» e substituição do trabalho humano pelas máquinas — essas
questões que estão hoje aparentemente colocadas com uma perspetiva de dramatização — também aqui têm
resposta, porque estas propostas do PCP introduzem esse elemento de justiça na contribuição para a segurança
social, não penalizando empresas que empregam mais trabalhadores, mas permitindo que empresas com
menos trabalhadores e mais lucros contribuam também de uma forma mais justa para o financiamento da
segurança social.
Aplausos do PCP.
É, em tudo, uma discussão de futuro. E nós percebemos que o PSD e o CDS só querem entrar neste debate
quando é para discutir os cortes dos direitos, porque, quando se trata de discutir a defesa de direitos, quando
se trata de discutir soluções que permitam o progresso e o desenvolvimento do País na base da valorização dos
diretos dos trabalhadores, dos reformados, dos pensionistas, dos desempregados, das crianças, das pessoas
com deficiência, o PSD e o CDS agitam todo o tipo de «papões» para recusar essas propostas.