5 DE JULHO DE 2018
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O Sr. Presidente: (José de Matos Correia) — Como cabe ao Partido Social Democrata encerrar o debate,
pergunto ao CDS-PP se deseja utilizar o tempo que ainda lhe resta.
Pausa.
Como o CDS-PP não deseja intervir, tem a palavra, para encerrar o debate, a Sr.ª Deputada Berta Cabral,
do Grupo Parlamentar do PSD.
A Sr.ª BertaCabral (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este debate sobre desigualdades
territoriais e descentralização focou-se substancialmente na questão da descentralização, mas o PSD, quando
marcou este debate, queria ir muito mais longe porque considera que descentralização e valorização do interior,
valorização do território são faces da mesma moeda.
Pese embora o enorme avanço e evolução que se deu nos últimos 40 anos em matéria de poder local,
Portugal continua, apesar disso, a ser um País demasiado centralizado que tem vindo a assistir ao acentuar
progressivo das assimetrias regionais.
Descentralizar não é condição suficiente para promover o desenvolvimento coeso do País, mas é,
seguramente, condição necessária. Por isso, o PSD, a par do seu pioneirismo de liderança em matéria de
delegação de competências nas autarquias locais e em matéria de iniciativa legislativa sobre descentralização,
apresentou igualmente um projeto de criação do Estatuto dos Territórios de Baixa Densidade e apresenta agora
um projeto de lei — que é este que estamos a discutir — para a criação de uma comissão independente para a
descentralização e para a organização subnacional do Estado. Houve quem a chamasse aqui de comissão para
descentralização, erradamente — comissão para a descentralização e para a organização subnacional do
Estado.
Os problemas, Sr.as e Srs. Deputados, estão identificados. Temos, por isso, de nos concentrar nas soluções.
E o Movimento para o Interior, que congregou individualidades de competência reconhecida e de vários
quadrantes políticos, deu um extraordinário contributo através da apresentação de 24 medidas que não
podemos deixar de considerar.
Desafiamos, por isso, o Governo e os demais partidos deste Parlamento para que, no próximo Orçamento,
se possa dar execução a medidas que incentivem a manutenção e a captação de investimento e de emprego
no interior do País. O desafio é, pois, o de lançar mãos à obra e estruturar um edifício jurídico e administrativo
de nível subnacional que, ao abrigo do princípio da subsidiariedade, seja capaz de conjugar descentralização
com valorização do território.
A celebração do acordo assinado entre o PSD e o Governo sobre descentralização é um sinal claro da
vontade, da determinação e da urgente necessidade de trabalharmos por um País mais igualitário, mais atento
às especificidades regionais e mais solidário.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, o PSD tem provas dadas. As autonomias regionais instituídas pela mão
do PSD são prova disso. Sem as competências próprias, consagradas nos estatutos político-administrativos das
regiões autónomas e sem os recursos europeus acrescidos, por força do estatuto de ultraperiferia, a realidade
social e económica destas regiões seria completamente diferente.
Importa também ter em conta que há um longo caminho a percorrer e que os indicadores económicos e
sociais destas regiões, em particular dos Açores, ainda são muito preocupantes. É por isso que o Governo, na
nossa opinião, tem de ter mais ambição na negociação do próximo quadro financeiro plurianual, porque as
regiões e o interior do País não podem perder fundos nesta etapa do pós-2020. Pelo contrário, tem de haver
crescimento dos fundos de coesão, tem de haver crescimento dos fundos da política agrícola comum e tem de
haver, para os Açores e para Madeira, crescimento do programa específico designado por POSEI (Programa de
Opções Específicas para o Afastamento e a Insularidade nas Regiões Ultraperiféricas). Temos de fazer da
coesão territorial uma causa nacional e o PSD, nessa matéria, diz «presente!»
Orgulhamo-nos, quer no poder, quer na oposição, de fazermos prevalecer o sentido de responsabilidade e o
interesse nacional. O passo em frente que hoje damos para esta segunda fase do processo de descentralização
insere-se nesta postura reformista e de propositura.
Gostamos demais do nosso País e gostamos demais das nossas regiões para nos demitirmos da
responsabilidade de dar a Portugal um futuro melhor.