I SÉRIE — NÚMERO 106
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Sr. Primeiro-Ministro, nestes últimos meses, o Governo fez escolhas sobre matérias muito importantes para
o País. Nessas escolhas, o Governo e o PS não procuraram soluções à esquerda, não fortaleceram a maioria
parlamentar, atrasaram o processo de negociação orçamental.
Protestos da Deputada do PSD Inês Domingos.
Faltou continuidade, é verdade, mas não foi o Bloco que faltou à chamada, foi o Partido Socialista, e é preciso
reconhecê-lo!
Estamos disponíveis para negociar o próximo Orçamento, estamos disponíveis para fazer escolhas difíceis,
que não mostram apenas o lado bom da lua, estamos disponíveis para fazer todas as escolhas!
Sempre que o PS quis governar à esquerda, houve uma maioria parlamentar que não faltou ao PS.
O Sr. Jorge Costa (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — E o Bloco de Esquerda nunca faltou a essa maioria parlamentar! Resta
saber se o Partido Socialista vai faltar à esquerda!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Ana Mesquita, do PCP.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a intervenção do PCP foi decisiva para
dar passos na defesa dos direitos dos trabalhadores da ciência e na defesa do direito constitucional do povo à
criação e à fruição cultural.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Na ciência, foram aprovadas leis e criadas expectativas de que os bolseiros
pós-doutorados pudessem, finalmente, aceder a um contrato de trabalho. Se esse era um avanço face ao
cenário vivido, hoje ele está longe de se concretizar. Temos apenas 71 contratos de trabalho celebrados e os
prazos estão a acabar. Não é a existência, Sr. Primeiro-Ministro, de um Observatório de Emprego Científico
para «estimular e pôr alguma pressão nas instituições» que vai resolver este problema. É preciso que a lei seja
cumprida! É preciso garantir que a uma bolsa corresponde um contrato, seja no emprego científico, seja no
PREVPAP (Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública)!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Como é que o Governo, Sr. Primeiro-Ministro, vai pôr um ponto final neste
impasse? Que medidas vai tomar em defesa dos bolseiros e dos investigadores?
Já na cultura, a intervenção do PCP foi fundamental para o alargamento da gratuitidade do acesso aos
museus, para a reposição das bolsas de criação literária, para a salvaguarda do património, para o reforço de
verbas do apoio às artes. E o PCP bem propôs que se reforçasse o Orçamento do Estado de 2018 para a
recomposição do tecido artístico, com o aumento para 25 milhões nos apoios às artes, o que teria evitado os
resultados desastrosos do último concurso de apoios sustentados.
A questão é a seguinte, Sr. Primeiro-Ministro: que opções quer o Governo fazer? Que medidas orçamentais
vai tomar para que isto não se repita? Que resposta vai dar às companhias que ficaram sem apoio e às que
viram o apoio diminuído? Não basta mudar os regulamentos para que tudo fique na mesma. Sr. Primeiro-
Ministro, não basta dizer que vai ser o maior Orçamento de sempre, porque isso pode continuar a querer dizer
que é pouco ou nada, porque estamos a falar de cultura abaixo de 1%, estamos a falar de 0%.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, é preciso reforçar o Orçamento e construir um plano rumo ao 1% para a
cultura!