I SÉRIE — NÚMERO 106
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É preciso dizer: nem tudo o que fizemos foi tudo quanto havia para fazer e nem tudo o que fizemos foi bem
feito. Mas não faltamos à verdade aos portugueses, nem rompemos com a humildade recomendada se
dissermos que muito fizemos e que muito fizemos bem.
Aplausos do PS.
O Governo e o PS contaram, para isso, com o apoio e o impulso dos seus parceiros parlamentares, que
asseguraram a investidura do Governo e a execução de medidas resultantes das leis orçamentais. Contámos
com o seu apoio para partirmos donde partimos e para chegarmos onde chegámos. Isso significa que
partilhamos com eles os nossos sucessos, da mesma forma que repartimos as nossas dificuldades.
Continuaremos, certamente, esse trabalho, reforçando e reinventando, como temos feito, uma convergência
que nunca prejudicou e que nunca prejudicará a identidade e a autonomia de cada uma das forças políticas
envolvidas nessa cooperação que tão inovadora e tão recompensadora tem sido para o nosso País e para os
portugueses.
Aplausos do PS.
Sabemos que os êxitos que alcançámos não nos devem desviar da necessidade de respondermos com maior
prontidão às inquietudes e às dificuldades que ainda subsistem. Sabemos que os desafios continuam a ser
muitos, num País ainda sujeito a significativas limitações financeiras e perante um enquadramento externo que
não está isento de riscos e de ameaças.
Na verdade, de acordo com as projeções ainda ontem divulgadas pela Comissão Europeia, neste ano
Portugal terá um crescimento da sua economia superior quer ao do conjunto da União Europeia, quer ao da
zona euro, o que significa que estaremos a convergir com a Europa pelo segundo ano consecutivo e ao fim de
17 anos.
Aplausos do PS.
Mas não devemos, nem podemos, ignorar sinais que representam riscos para nós, desde os que podem
resultar do crescendo das tensões geopolíticas e da desunião na Europa, ao abrandamento das economias
europeias, à evolução em outras potências económicas, à recuperação de outros mercados de destino turístico
ou a alterações da política comercial global que afetam países destinatários das nossas exportações.
Bem gostaríamos que do eufemisticamente chamado «período de ajustamento» não tivesse resultado um
país ainda mais endividado, ao mesmo tempo que menos resistente e social e economicamente depauperado.
O Governo PSD/CDS foi o único da nossa história democrática que deixou ao Governo seguinte um produto
interno bruto inferior àquele que recebeu.
E bem gostaríamos também que as metas orçamentais que agora decorrem dos nossos compromissos
europeus permitissem uma trajetória mais suave de redução do défice e da dívida ou que outras soluções a
pudessem alterar. Mas é também certo que, no plano externo, o caminho que o Governo está a fazer certifica a
qualidade da nossa gestão, aumenta a confiança junto dos nossos interlocutores e prestigia, no plano
internacional, o projeto de governação da esquerda portuguesa.
Aplausos do PS.
Com o Governo anterior, a política deu prioridade à compressão orçamental, através da limitação, sem
critério, da economia e, sem sensibilidade, dos serviços públicos e prestações sociais. Com o atual Governo
confirmámos que havia uma alternativa: privilegiámos a dinamização económica e a proteção social, sem
descuidar a consolidação orçamental.
Os resultados destes quase três anos mostram que seguimos na direção mais avisada: não repetimos a
austeridade persecutória da direita, nem abraçámos tarefas impossíveis que comprometeriam a credibilidade da
esquerda. Com essa mudança, Portugal está melhor e a vida dos portugueses também.