I SÉRIE — NÚMERO 107
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Não queremos acreditar que seja possível que se continuem a fechar portas à investigação total dos
acontecimentos que levaram ao desaparecimento deste nosso compatriota e reiteramos o nosso compromisso
com a verdade e a nossa disponibilidade para ajudar, com todos os meios ao nosso alcance, à resolução deste
processo.
É tempo de dar respostas a esta família!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Nuno
Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo também, naturalmente,
por cumprimentar os peticionários. Trata-se de um tema delicado, grave, o desaparecimento de um compatriota
nosso, que vivia e exercia a sua atividade profissional num país amigo, Moçambique, e que, por razões que
permanecem por esclarecer, desapareceu sem que haja qualquer tipo de dados ou notícias.
Como é evidente, o que os peticionários, compreensivelmente — creio que qualquer um de nós compreende
isso muito facilmente —, procuram é respostas, o que procuram é ação, o que procuram é que possa haver uma
explicação para este facto.
É verdade — já foi aqui dito pela Sr.ª Deputada Ângela Guerra — que houve um conjunto de diligências nos
últimos meses, no último ano, a nível nacional e internacional.
É verdade também que essas diligências foram, todas elas, inconclusivas, no sentido de que — e dito de
uma forma muito clara — estamos aparentemente, pelo menos por aquilo que sabemos, onde sempre
estivemos, ou seja, sem que haja uma investigação, sem que haja dados, sem que haja notícias, sem que haja
respostas.
Isso não pode, nem deve, obviamente, deixar indiferentes ou conformadas as autoridades portuguesas, todas
elas, todos os poderes e também esta Assembleia.
De resto, o CDS, no passado dia 7 de fevereiro, fez três perguntas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros,
que passo a referir: «Que diligências diplomáticas foram efetuadas pelas autoridades portuguesas desde o dia
29 de julho de 2016, data do desaparecimento, até ao presente momento? Que apoio se encontra o Governo a
prestar à família do cidadão português? Que esforços diplomáticos empreenderá, V. Ex.ª, Sr. Ministro, no sentido
de determinar o seu destino e promover o seu regresso a Portugal?»
Verdade seja dita que o Governo, no prazo de um mês, no dia 8 de março, respondeu a estas perguntas do
CDS, dizendo, nomeadamente, que não se resignará até que este caso possa ser cabalmente esclarecido,
lamentando profundamente e efetuando diversas diligências, designadamente ao nível da Europol, da Interpol
e da própria Alta Representante para a Política Externa e de Segurança Comum da União Europeia, Federica
Mogherini, e que reiterava que, junto da Embaixada de Portugal em Maputo e do Consulado Geral de Portugal
na Beira, iria continuar esses esforços.
Sr.as e Srs. Deputados, a verdade é que esses esforços se têm manifestado infrutíferos. A verdade é que
continuamos sem respostas, continuamos sem sequer perceber se há uma real vontade de investigar.
É verdade — e faço nossas as palavras da Sr.ª Deputada Ângela Guerra — que há uma notícia esperançosa
nos últimos tempos, que é a reabertura do processo por parte do Ministério Público moçambicano. Ainda bem!
E aquilo que esta Assembleia pode e deve fazer é o seu papel: é pressionar e fiscalizar o Governo, para que
o Governo possa, obviamente nos termos de uma relação bilateral entre dois Estados soberanos que se
respeitam e que são amigos, fazer a pressão necessária para que a verdade em relação a este nosso
concidadão se possa saber, de uma forma isenta e independente.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla Cruz.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Gostaria de iniciar esta intervenção dirigindo um
cumprimento muito especial a Maria Salomé Sebastião, esposa do cidadão Américo Sebastião, e primeira