7 DE SETEMBRO DE 2018
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A iniciativa que tomámos para cortar o passo à ofensiva que estava em curso pela mão do Governo PSD/CDS
foi uma vitória sobre o retrocesso social que vinha a ser imposto aos trabalhadores e ao povo português, mas
estamos longe das soluções que uma verdadeira política de esquerda poderia garantir.
Os desenvolvimentos recentes da situação política evidenciam as contradições inerentes às opções do PS e
do seu Governo minoritário, de onde se releva uma crescente convergência com o PSD e o CDS em matérias
nucleares da ação governativa, como a legislação laboral, a transferência de competências para as autarquias
locais, ou o próximo quadro financeiro da União Europeia. São contradições que impedem a resolução de muitos
dos problemas nacionais, impossibilitam as opções de investimento público, indispensáveis ao desenvolvimento
do País, e limitam a resposta às preocupações e aspirações dos trabalhadores e das populações.
No Serviço Nacional de Saúde mantiveram-se, e em alguns casos agravaram-se, as dificuldades de
funcionamento que há muito tempo se sentem e que decorrem da falta de profissionais e do adiamento da
concretização de medidas aprovadas para a sua valorização de que o descongelamento de carreiras é apenas
um exemplo. A escassez de pessoal, para além de causar exaustão e desmotivação nos profissionais, leva à
diminuição do número de camas nos hospitais, a atrasos na realização de consultas, cirurgias e tratamentos e
promove a transferência da prestação de cuidados de saúde do setor público para o setor privado.
A atual situação do SNS não é fruto do acaso ou de questões meramente conjunturais, mas é o resultado de
décadas de política de direita de que o Governo do PS não se demarca, política que visa fragilizar o SNS e
substituí-lo por um sistema de saúde centrado em duas componentes: um serviço público desvalorizado apenas
com um conjunto de garantias mínimas, destinado aos mais pobres, e uma prestação centrada nos seguros de
saúde e concretizada pelos grupos privados, cuja prestação de cuidados dependeria do dinheiro que cada um
tivesse para adquirir um seguro de saúde.
Na área da educação, da ciência e do ensino superior, os problemas também se avolumam e a normalidade
do arranque do ano letivo pode estar comprometida. É incompreensível que só a 30 de agosto tenham sido
divulgadas as colocações de cerca de 20 mil professores, deixando-os com um dia útil para reorganizarem a
sua vida. É incompreensível que continuem as declarações inaceitáveis do Governo, admitindo a intenção de
não cumprir o artigo 19.º do Orçamento do Estado e de não contar todo o tempo de serviço. Está por resolver a
falta de auxiliares de ação educativa identificada no ano passado e há técnicos especializados cujos contratos
não foram renovados. Agrava-se o subfinanciamento do ensino superior público, comprometendo o seu normal
funcionamento e impedindo o combate à precariedade. A regularização de vínculos precários no ensino superior
e o cumprimento do decreto-lei relativo ao emprego científico estão longe de ser concretizados.
É uma exigência nacional que estes problemas sejam resolvidos. E as opções orçamentais para 2019 não
podem deixar de dar resposta a necessidades incontornáveis de reforço do investimento público em áreas
sociais manifestamente carenciadas, como a saúde, a educação ou a ação social, e de dar mais passos em
questões fundamentais como um novo aumento das reformas a partir de janeiro de 2019 ou a redução do IVA
da eletricidade e do gás para 6%.
Tem sido muito importante, Sr. Presidente, Srs. Deputados, a luta que temos vindo a travar pela defesa,
reposição e conquista de rendimentos e direitos por melhores condições de trabalho e de vida e pelo
desenvolvimento do País. Uma luta que estamos determinados a prosseguir, reafirmando que o compromisso
de sempre do PCP é com os trabalhadores e o povo, e é esse o compromisso que o PCP continuará a honrar.
O Sr. Presidente: — Para terminar esta série de declarações políticas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia, de Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Há algo que Os Verdes
consideram que é fundamental lembrar até ao final da Legislatura e sempre, permanentemente. É que o anterior
Governo PSD/CDS massacrou as famílias portuguesas, empobreceu o País, aumentou brutalmente os
impostos, cortou salários, pensões, rendimentos, em geral, e queria fazê-lo de uma forma definitiva.
Por outro lado, esse governo cedeu aos interesses económicos, designadamente na área da saúde, na
educação, e a sua intenção era degradar serviços, desinvestir, para privatizar.
E é bom não esquecer isto, e lembrá-lo até ao final da Legislatura, primeiro, para que se perceba que muito,
mas muito, quase tudo aquilo que o PSD e o CDS dizem hoje, e até muitas vezes propõem na Assembleia da