21 DE SETEMBRO DE 2018
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É nesse sentido, Sr.ª Presidente, que Os Verdes apresentam, hoje, ao Parlamento um projeto de resolução,
visando justamente a necessidade de revisão do rácio de assistentes operacionais na escola pública, que
convido todos a ler na sua parte resolutiva.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
Entretanto, reassumiu a presidência o Vice-Presidente Jorge Lacão.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, queria saudar a Federação das
Associações de Pais do Concelho Vila Nova de Gaia e todas as peticionárias e peticionários deste alerta à
Assembleia da República, que certamente será partilhado por todas as pessoas da comunidade educativa que
acompanham o estado das escolas deste País e que se preocupam com elas.
Fizemos um caminho desde os tempos, de que já aqui falámos, em que desempregados exerciam o papel
de assistentes operacionais com contratos emprego-inserção. Hoje, essa realidade já não pertence à escola
pública, pela mão do Ministério da Educação, mas estamos longe de estar no sítio onde gostaríamos de estar.
A portaria sobre os rácios que foi deixada pelo Governo anterior, do PSD e do CDS, era manifestamente
insuficiente; foi substituída por uma outra portaria, já com este Governo, e o Bloco de Esquerda disse, na altura,
que teríamos de fazer uma avaliação, no concreto, na realidade, da tradução daquela portaria nas escolas,
verificando se os critérios definidos pela nova portaria eram ou não suficientes para satisfazer as necessidades
de assistentes técnicos e assistentes operacionais de todas as escolas do País.
A verdade é que, neste início de ano letivo, os diretores das escolas apontam a falta de funcionários como a
principal preocupação das escolas, a principal insuficiência das escolas, e apontam este problema como não
sendo de hoje. A diretora do Conservatório de Braga diz até que «há muitos anos que é assim; desta vez
decidimos fechar para chamar a atenção para problemas que já existiam nos anos anteriores».
Há ainda um inquérito, de um blog, que diz também que os diretores têm este problema há mais de cinco
anos. Portanto é um problema que se prolonga no tempo.
Identificámos, nesta portaria, três problemas. Um deles tem a ver com a incapacidade de a portaria fazer
face à dimensão das escolas, às características dos centros escolares, dos equipamentos, à forma como as
escolas estão distribuídas no espaço, sobretudo as que foram intervencionadas pela Parque Escolar. Há o caso
de escolas com duas portarias mas que não têm funcionários para as duas, ou de escolas, como a de Palmela,
que têm corredores tão longos que é preciso mais do que um funcionário para conseguir vigiar os alunos em
tantos metros de corredor.
Há ainda um outro problema que tem que ver com o facto de os assistentes técnicos não serem atribuídos
senão pelo critério do número de alunos da escola-sede. Portanto, as escolas do 1.º ciclo ou do pré-escolar não
dão lugar à atribuição de assistentes técnicos, de pessoal de secretaria, apesar de darem acréscimo de trabalho
ao pessoal de secretaria.
Um terceiro problema, que é transversal à escola, tem a ver com o envelhecimento e a sobrecarga destes
funcionários, que se vai agravando à medida que vão entrando de baixa, criando um ciclo vicioso entre a
sobrecarga de trabalho, o envelhecimento e a falta de funcionários que se vão ausentando por baixa. Os
diretores estimam que sejam 10% estes casos das ausências de funcionários por baixa, que se reformam ou,
até, que falecem e não são substituídos.
São estas três questões, e não mais do que estas três questões, que estão muito delineadas, são muito
concretas, são apontadas por todos os agentes educativos. Portanto, é muito razoável a sua correção e este
projeto pretende corrigi-las.
Assim, o que propomos é uma revisão da portaria dos rácios para resolver o problema da falta de assistentes
operacionais e de assistentes técnicos, nestas condições concretas. Propomos também uma bolsa de
trabalhadores para substituição de trabalhadores em baixa prolongada, para que ela não seja feita por tarefeiros
com contratos parciais de 4 horas a 3,82 € à hora mas, sim, por trabalhadores com vínculo à escola, que é aquilo
que todos os assistentes operacionais e todos os assistentes técnicos que trabalham nas escolas, com as
nossas crianças, devem ter.