I SÉRIE — NÚMERO 4
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, não precisamos de discutir
quanto ao princípio, porque quanto ao princípio estamos de acordo. Temos simplesmente de concentrar-nos na
avaliação do impacto e da sua sustentabilidade, porque, como disse, e bem, o custo, no ano zero, é de 120
milhões de euros, mas, em velocidade de cruzeiro, é de 800 milhões de euros.
Convém não esquecer que, se não tomarmos hoje mais nenhuma decisão, se não inovarmos em
rigorosamente mais nada, só com a aplicação do conjunto de decisões tomadas, e bem, ao longo desta
Legislatura, o próximo Orçamento do Estado, para 2019, já implica um aumento de 1100 milhões de euros nas
prestações sociais dos portugueses. E a responsabilidade primeira que temos de assegurar é a de cumprir as
expectativas que criámos relativamente à concretização das decisões que já tomámos: são 1100 milhões de
euros, que implicam medidas novas, desde a nova prestação social para a inclusão (PSI) até à garantia de
direitos fundamentais, como o direito à atualização das pensões.
Vamos, por isso, continuar a trabalhar com o Bloco, como temos vindo a fazer, com o PCP, como temos
vindo a fazer, com Os Verdes, como temos vindo a fazer, e com o PS para a construção de um Orçamento do
Estado para 2019 que continue a realizar aquelas que têm sido as marcas de todos os Orçamentos do Estado:
mais rendimentos, melhores serviços públicos, melhores condições para o investimento e contas certas.
Nesta equação, iremos seguramente poder avançar. Se a Sr.ª Deputada disser que a única proposta que o
Bloco tem a apresentar relativamente ao quadro anterior é esta, de aumento da despesa, a conversa é uma;
mas, como sabemos, o Bloco, naturalmente, como o PCP, como Os Verdes, como o PS, até como o Governo,
se me permite, tem outras propostas a apresentar, as quais contribuem também para influir na receita e na
despesa.
Por isso, no espírito do trabalho de conjunto que temos vindo a desenvolver para a construção do Orçamento
para 2019, certamente encontraremos a resposta certa à sua pergunta no sentido de saber quando é o ano
zero.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, ainda bem que temos dado passos;
ainda bem que podemos dizer que descongelámos despesa social e chegámos a mais gente; e ainda bem que
provámos que, quando o fizemos, fizemos bem à economia — as contas da segurança social, em vez de ficarem
piores, ficaram melhores e o emprego cresceu.
Essa tem sido a aposta, esse tem sido o trabalho e é esse o trabalho que queremos continuar a fazer. Pela
nossa parte, aqui estamos a negociar, todos os dias, como o Sr. Primeiro-Ministro sabe, as pensões, os salários,
as questões da energia, os serviços públicos, os passes sociais e, seguramente, também os cuidadores
informais.
Fazia uma proposta ao Governo no sentido de as Sr.as Secretárias de Estado, que ainda não foram ouvidas
na Comissão, virem cá, então, antes do debate do Orçamento do Estado em sede de especialidade,…
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … responder e estudar, porque talvez aí consigamos perceber que passos
concretos é possível dar já. Seria desperdiçar uma oportunidade se não o fizéssemos por não existir do Governo
essa capacidade de dar resposta agora.
Aplausos do BE.
Sr. Primeiro-Ministro, muito brevemente, queria deixar uma nota: como sabe, temos hoje, aqui à porta, o
setor do táxi a manifestar-se. O Bloco de Esquerda acha que é preciso modernização, defendemo-la sempre,
mas o que aconteceu com a legislação foi, de facto, um retrocesso. Neste momento, há um número ilimitado de
veículos ligeiros de passageiros a circular, o que impede políticas ambientais, políticas de ordenamento do