I SÉRIE — NÚMERO 5
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A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Foi com estas preocupações que, desta tribuna, anunciámos a
proposta de criação de uma comissão eventual para a discussão de ideias, de projetos e de propostas para o
combate ao declínio demográfico.
Como dissemos, o objetivo é o de fazer este debate de forma ampla e participada, serena e racional, nacional
e não partidária.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Claro!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — O propósito é o de dar à sociedade civil mais uma oportunidade
para ser ouvida, para apresentar os seus contributos, para oferecer a sua experiência e conhecimento.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Uma política para a infância é, para nós, um desígnio nacional. O incentivo
à natalidade é, neste quadro, a prioridade das prioridades. E é uma prioridade que se deve traduzir em novas
políticas.
Este é um problema estrutural da sociedade, por isso carece, de forma urgente, de uma resposta estrutural.
Medidas pontuais podem ser contributos, que, naturalmente, não desvalorizamos; contudo, não são a
solução que urge encontrar para combater, de uma vez por todas, o inverno demográfico que nos assola.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Ao longo destes últimos anos, e com o forte contributo do PSD,
foram introduzidas algumas melhorias na lei, de entre as quais, desde já, destaco: conciliação entre a vida
profissional e a vida familiar mais facilitada; alargamento da licença parental obrigatória do pai; maior flexibilidade
no gozo da licença parental; e redução de imposto municipal de imóveis para famílias numerosas.
Estes são, de facto, avanços na ajuda às famílias, mas o problema é de tal forma grave, global e estrutural
que não se resolve com medidas pontuais. Não podemos ignorar que esse caminho de medidas pontuais é
estreito e curto.
As novas políticas têm de ser mais abrangentes. Esta é uma matéria que passa pela área social, pela
educação, pela segurança social, pelas questões laborais, fiscais, pela saúde, pela habitação e pela valorização
de todo o território nacional.
As novas políticas têm de incluir mais investimento. É preciso investir num apoio mais forte, mais visível e
mais generalizado à infância. Generalizar o acesso gratuito às creches e jardins de infância deve ser um objetivo
a seguir.
Srs. Deputados, investir hoje é poupar amanhã!
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Este é um caminho que devemos fazer juntos! Quanto maior for o grau de
consensualidade numa política para a natalidade, maior será o sucesso da mesma. Uma política suprapartidária
que vá além da Legislatura é o que os portugueses reclamam e o que Portugal necessita para combater a
recessão demográfica.
A aprovação da comissão eventual proposta pelo PSD é um fator fundamental para aprofundar ideias e
reforçar a solidez das respostas.
Deve ser uma comissão que conte com o contributo de todos, da esquerda à direita, num debate sereno e
sem fraturas ideológicas, e com a sociedade civil que, com a sua experiência e saber, dará também um
importante contributo. Todos são chamados a participar. Todos devem ser incluídos e ninguém deve excluir-se.
O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Esta é, pois, para o PSD, a proposta que vai criar as condições
para a conceção e desenvolvimento de uma política integrada, de uma política consensualizada que articule as
múltiplas dimensões do problema demográfico e que será para vigorar além da Legislatura.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: É desta forma, com todos, e através de uma análise de medidas orientadas
para o crescimento da natalidade, para a contenção da emigração e para a integração social de imigrantes que
teremos um País mais coeso, uma economia mais competitiva e uma segurança social mais sustentável.