28 DE SETEMBRO DE 2018
21
Aplausos do PS.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Bem lembrado!
A Sr.ª Carla Tavares (PS): — Mas, bandeirinhas à parte, Sr.as e Srs. Deputados, uma coisa é hoje certa:
existe nesta Câmara, neste Parlamento e em toda a sociedade portuguesa, um amplo e reconhecido consenso
de que a demografia é um dos nossos maiores desafios, senão mesmo o maior, e o nosso País terá de enfrentar
este mesmo desafio ao longo dos próximos anos.
Segundo o Ageing Report de 2018, publicado pela Comissão Europeia, Portugal deverá perder 23% da sua
população até 2070, descendo dos 10,3 milhões de pessoas em 2016 para cerca de 8 milhões de pessoas em
2070. Serão perdidos mais de 2 milhões de pessoas.
Diz-nos, ainda, este relatório da Comissão Europeia que, não obstante a redução do número da população,
a taxa de fecundidade passará da média de 1,34 filhos por mulher para 1,59 em 2070, um número ainda longe
do suficiente para assegurar a renovação geracional, ou seja, no mínimo, dois filhos por mulher.
Ora, isto significa que neste momento nem sequer dois filhos por mulher estamos a conseguir ter e nem em
2070 lá chegaremos. E o que faz o CDS? O CDS está preocupado com o terceiro filho, quando nem sequer o
segundo estamos a conseguir ter!
Aplausos do PS.
Na verdade, o diagnóstico está feito, as causas estão todas identificadas. Importa agora analisar o que os
dados estatísticos nos dizem e apontar soluções para este problema por todos nós já reconhecido.
É agora tempo de saber qual é o papel que o CDS quer efetivamente desempenhar e se quer mesmo fazer
parte desta solução. Se o CDS quer fazer parte da solução e se quer, efetivamente, um trabalho positivo, não
conseguimos perceber a razão pela qual o CDS e, já agora também o PSD, sabendo que existe neste momento
um grupo de trabalho constituído no Parlamento onde estão a ser apreciadas outras iniciativas legislativas, vem
agora apresentar estas propostas, atrasando e, sobretudo, desvalorizando todo o trabalho parlamentar que está
a ser feito.
Aplausos do PS.
Se o CDS quer mesmo fazer parte da solução, também não percebemos porque parece ignorar o trabalho
que tem estado a ser feito nesta área no Conselho Económico e Social. Aliás, e a propósito, o Conselho
Económico e Social promoveu, no início deste mês, no Porto, uma interessante conferência precisamente sobre
o tema Os desafios da demografia: a natalidade, onde o CDS não esteve. Certamente porque não pôde, mas
não esteve.
Sr.as e Srs. Deputados, dizem-nos os muitos estudos nesta área que a inversão desta crise demográfica, na
ótica do aumento da natalidade, deve passar pela aposta em quatro dimensões.
A primeira dimensão é a conciliação entre a vida familiar e a vida profissional, sendo este um dos maiores
desafios da atualidade. Esta é uma dimensão que deve ser fortemente valorizada e que está a ser trabalhada
pelo Governo junto dos parceiros da concertação social, na sequência da apresentação pelo Governo, em maio
último, da Agenda para a Igualdade no Mercado de Trabalho e Empresas.
Igualmente importante é que seja reforçada a ideia de que esta é uma questão que afeta de forma igual
homens e mulheres, pois tem sido demonstrado que o desequilíbrio da partilha das responsabilidades familiares
e domésticas entre homens e mulheres contribui, de forma decisiva, para a baixa de natalidade. É por isso que
defendemos que a prossecução do estímulo à partilha das licenças parentais deve ser a nossa prioridade.
A segunda dimensão a ter em conta é a das políticas de transferências financeiras para as famílias — de
apoios sociais, económicos e fiscais —, mas também da disponibilização de serviços e equipamentos.
Neste ponto, não podemos deixar de assinalar o aumento do abono de família, com especial incidência nos
primeiros três anos de vida das crianças.