28 DE SETEMBRO DE 2018
23
Sr.as e Srs. Deputados, não se trata apenas de pedir responsabilidades; o que está aqui em causa é, sim, a
escolha das políticas, a escolha da forma como podemos inverter esta tendência de queda de natalidade no
nosso País. E é aqui que o CDS, mais uma vez, falha; é aqui que o CDS continua a repetir os erros do passado;
é aqui que o CDS continua a ignorar que só a estabilidade no trabalho, só o fim do trabalho precário, só o apoio
à habitação, só uma política assente no aumento do rendimento das famílias e só a confiança num futuro melhor
permitirá às famílias portuguesas planear, com segurança, o seu futuro e terem os filhos que querem, os filhos
que desejam ter.
Sr.as e Srs. Deputados, já aqui o afirmei faz hoje precisamente três meses, a 27 de junho de 2018, e volto a
reafirmá-lo: se não fosse a ação do Governo do Partido Socialista e se não tivesse havido uma inversão das
políticas de austeridade levadas a cabo durante o Governo da anterior maioria PSD/CDS, Portugal correria hoje
o risco de sofrer uma maior e irreversível contração da sua população ativa. Esta é a verdade!
A crise demográfica em Portugal tem, na verdade, causas económicas, sociais e culturais e agravou-se com
a emigração maciça de jovens que, por falta de oportunidades de trabalho, foram literalmente empurrados para
fora do País pelo anterior Governo de coligação PSD/CDS, enfraquecendo ainda mais a população ativa e
agravando ainda mais os números da natalidade.
É necessário fazer regressar a Portugal esses jovens.
Sr.as e Srs. Deputados, este debate não é só sobre natalidade, é sobre demografia e, para falar de desafios
demográficos, não podemos deixar de referir a imigração como o principal fator de inversão das taxas de
natalidade. Neste «inverno» demográfico, como, aliás, também aconteceu em França, é necessária a adoção
de medidas de incentivo à fixação no nosso País dos fluxos migratórios provenientes de outros países. Este é
um elemento essencial e incontornável. Todos os estudos apontam nesse sentido. E o que tem o CDS a dizer
sobre este assunto? Nada!
Sr.as e Srs. Deputados, os mesmos que, num passado tão recente, cortaram nos rendimentos das famílias,
nos apoios sociais, e que aumentaram o desemprego e promoveram a precariedade vêm agora fazer um falso
ato de contrição, incorrendo nos mesmos vícios e repetindo os mesmos erros do passado.
Não podemos esquecer que a política de austeridade levada a cabo pelo anterior Governo do PSD/CDS
custou a Portugal cerca de 20 000 crianças por ano e agravou, de forma grave, os números da pobreza infantil.
E mais: convém recordar que, de acordo com o relatório de 2013 elaborado pelo Observatório das Famílias
e das Políticas de Família, durante a vigência do anterior Governo, do qual o CDS fazia parte, «deixou de haver
uma política de família explícita de âmbito nacional».
Aplausos do PS.
Sr.as e Srs. Deputados, está visto que o CDS continua incapaz de perceber que as políticas de promoção da
natalidade e de apoio às famílias não podem ser pensadas sem que, em conjunto, se preveja o aumento do
rendimento disponível das famílias e o combate ao trabalho precário, em defesa da estabilidade no emprego,
bem como a garantia da existência de apoios sociais eficientes e eficazes para todas as famílias, e não apenas
para algumas.
Não há uma única linha que o CDS dedique a estes problemas. É este diálogo que tem de ser valorizado na
busca de compromissos duradouros que possam definir numa estratégia séria, assente em medidas concretas
e verdadeiramente eficazes na promoção da natalidade em Portugal.
O PS está, como sempre esteve, disponível para este diálogo. A pergunta que fazemos é a seguinte: o CDS
estará?! É que, se está, não se percebe a razão pela qual traz hoje novamente à discussão e votação medidas
que já foram antes chumbadas e que sabem não ter a maioria necessária para as fazer aprovar.
Sr.as e Srs. Deputados, os desafios demográficos vão além da promoção da natalidade e têm também de ir
além desta Câmara e da ação do Governo. A crise demográfica em Portugal é um problema que nos afeta a
todos e que exige, de facto, um consenso alargado. Mas falar de demografia, recordo, não se circunscreve à
natalidade. Não podemos esquecer nem a emigração, nem a imigração. E o CDS quererá mesmo fazer parte
desse consenso? Quererá mesmo dar um contributo sério para esta solução? Ou será que quer apenas
continuar a ser o porta-bandeira deste ou daquele tema, fazendo o seu habitual número mediático, não sendo
depois consequente nas soluções?