18 DE OUTUBRO DE 2018
55
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Fica, assim, concluída a discussão deste ponto da nossa ordem de
trabalhos.
Vamos passar ao terceiro, e último, ponto, que consiste na discussão da Petição n.º 457/XIII/3.ª (Joaquim
Marco Ferreira da Silva e outros) — Alteração do imposto sobre veículos.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Anastácio, do PS.
O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, quero
cumprimentar os subscritores da Petição n.º 457/XIII/3.ª, sobre a qual tive a responsabilidade de ser relator e
elaborar o inerente relatório.
Em síntese, os peticionários consideram que as alterações introduzidas no Orçamento do Estado para 2017,
relativamente ao Código do Imposto sobre Veículos, vêm onerar os veículos novos e que é injusto que Portugal
seja um dos países europeus que mais tributa viaturas novas e viaturas importadas.
Neste pressuposto, os peticionários solicitam a alteração do imposto sobre veículos, de modo a cumprir, no
seu entendimento, a legislação europeia e a promover o mercado automóvel em Portugal. Sustentam, portanto,
uma oposição a que haja IVA sobre o imposto sobre veículos automóveis e também defendem que deve ser
considerada a redução do imposto sobre veículos usados, não só na componente da cilindrada mas também na
componente do CO2. Importa referir que estamos a falar não de veículos importados, mas de veículos usados
importados, ou seja, de veículos registados noutros países europeus e da sua importação para Portugal.
Invocam também, os peticionários, um acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia, mas gostaria de
deixar claro que, nesse acórdão, não é referida qualquer questão no sentido de que a incidência tenha de se
verificar, necessariamente, sobre a componente da cilindrada e sobre a componente do CO2, defendendo-se,
sim, a tributação e escalonamento com redução proporcional ao decurso do tempo.
Também queria deixar claro que, para o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, é hoje inquestionável a
compatibilização da legislação nacional com o direito da União Europeia, no que se refere à tributação de IVA
sobre uma massa tributária que tenha como base o imposto sobre veículos.
O Orçamento do Estado para 2017, que está posto em causa, utilizou precisamente o princípio de criar uma
redução proporcional ao longo da vida dos veículos, tendo em consideração a cilindrada e não o CO2. Na nossa
opinião, entendeu o legislador, com esta política fiscal, aplicar reduções, como disse, à componente da
cilindrada, ficando de fora a componente ambiental. É nosso entendimento que fez bem, porquanto veio dar
coerência à tributação dos veículos novos e dos veículos usados, na medida em que a aquisição de uns e de
outros se deve reger por princípios de justiça fiscal e de respeito pelo meio ambiente.
Vou terminar, deixando dois considerandos e uma pergunta.
Quando todos estamos empenhados na concretização do compromisso assumido pelo Estado português na
COP 22, em Marraquexe, de atingir a neutralidade carbónica até ao final da primeira metade deste século,
quando prevemos que o ano de 2019 seja marcado pela conclusão do Roteiro para a Neutralidade Carbónica
2050, quando, no horizonte 2030, assume especial destaque o Programa Nacional para as Alterações Climáticas
2020/2030 e o cumprimento das metas de redução de emissões que lhe estão associadas, seria percetível uma
política fiscal que colocasse em causa estes objetivos e que não tivesse na sua génese um tratamento menos
favorável de soluções de mobilidade automóvel mais poluentes? No nosso entendimento, a resposta é,
certamente, «não» e esse é o motivo por que não podemos, com o maior respeito e compreensão, acompanhar
a posição dos peticionários.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, em nome do CDS-PP, tem a palavra o Sr.
Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria, em primeiro
lugar, cumprimentar os peticionários e saudar a causa que aqui nos trazem.
Sr. Deputado Fernando Anastácio, não me levará a mal que eu tente transformar a sua intervenção num
discurso para humanos e para cidadãos comuns.