19 DE OUTUBRO DE 2018
35
O Sr. Carlos Silva (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Não se preocupam se os serviços são bem ou mal geridos, não se preocupam se servem o interesse nacional
e os portugueses.
Para nós, o que é importante é a qualidade da gestão. O que nos motiva é se os portugueses chegam a
horas ao trabalho…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Silva (PSD): — … com qualidade, sem stress. Ora, não é o que tem acontecido por estes dias
com os serviços prestados pela CP, para onde os senhores, de forma ideológica, pretendem enviar esta
concessão.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para o encerramento do debate, nos 2 minutos que cabem ao
partido que solicitou o agendamento, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ficou patente, à evidência, neste debate, o
profundo desprezo com que o PSD e o CDS desconsideram a vida das pessoas e os sacrifícios que fazem no
pagamento dos custos de um transporte que apresenta uma diferença de 136%. A diferença de preço entre a
assinatura do percurso Lisboa-Setúbal da Fertagus e a assinatura do percurso Azambuja-Lisboa da CP é de
136%.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — É o preço de uma greve!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Paga-se 55 € pela assinatura de Lisboa para Azambuja e 131 € pela assinatura
de Lisboa para Setúbal, com um comboio por hora! Foi isto que os senhores elogiaram!
Ora, o argumento do CDS, e também do PSD, é o de que esta PPP é muito boa, porque as outras PPP são
muito más. E depois ainda lembram os problemas graves causados nas empresas públicas, que foram atacadas,
como nunca foram, pela própria governação dos vossos partidos.
O Sr. António Filipe (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Por isso, agora vêm dizer: «Vejam lá que bons são aqueles, depois do estrago
que fizemos a estas empresas públicas».
Srs. Deputados, nós não temos nada contra as empresas saudáveis, o problema é quando a saúde delas é
paga por nós, porque aquilo que se pode afirmar é que a saúde dessa empresa foi paga com financiamentos do
Estado de milhões de euros, durante anos a fio; foi paga com o sacrifício e a penalização dos utentes com tarifas
exorbitantes; foi paga com o negócio das lojas e do estacionamento nas estações, que a CP não tem.
O PS fala no transporte público como fator de inclusão social, mas era importante que não tivesse esquecido
essa relevante questão ao longo de todos estes anos, olhando para o escândalo dos preços praticados e
cobrados às pessoas. Aliás, tivemos aqui uma tese peregrina do PS, dizendo que era mau para a CP integrar
este serviço na estrutura da empresa, como quem diz, agora, 20 anos depois, que foi «para bem da CP que a
proibimos de concorrer a este serviço».
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Não, não!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Srs. Deputados, incluir este serviço no passe social é um objetivo justo e
necessário e isso é facilitado com a integração desta linha no serviço da CP, porque, automaticamente, tal fica
garantido.
O que não podemos continuar a aceitar são estas PPP…