26 DE OUTUBRO DE 2018
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o que é que o PSD tem a dizer a respeito disto, já que sempre defendeu a autonomia dos municípios
portugueses.
Já agora, sobre estas propostas que cortam fundos aos municípios, não os ouvindo, qual é a vossa posição
sobre esta matéria?
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Eles não têm opinião!
O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Mas, Sr. Deputado, também lhe pergunto outra coisa. Concordará, por
acaso, com propostas que estão neste pacote fiscal, apresentado pelo CDS-PP, que tem despesa fiscal sem o
ónus de dizer o que é que se vai cortar, quais são os impostos que se quer aumentar?
O Sr. Deputado é capaz de me dizer, então, se o PSD abandonou a questão das contas equilibradas, ou
seja, já não é importante saber como é que se faz o equilíbrio no Orçamento?
Pergunto-lhe, ainda, se o Sr. Deputado não acha que seria muito mais indicado discutir esta questão no
âmbito do Orçamento, uma vez que o CDS traz aqui estas propostas quando o Orçamento está, neste momento,
em discussão.
Aplausos do PS.
Aliás, Sr. Deputado, a minha convicção pessoal é a de que o CDS-PP não quer aprovar estas propostas. É
que se as quisesse aprovar não vinha fazer este «número», apresentava-as no debate do Orçamento e discutia-
as de uma forma concreta.
Protestos do CDS-PP.
Portanto, gostava de saber qual é a posição do PSD relativamente a esta matéria.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira, para responder, tem a palavra.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Fernando Anastácio, obrigado pelas
questões que me coloca.
É curioso um conjunto de perguntas que me faz em torno de matéria fiscal. Eu podia devolver-lhe as questões
perguntando: «Concorda V. Ex.ª com o adicional ao IMI? Concorda V. Ex.ª, em termos pessoais — já que o seu
partido naturalmente que sim —, com a isenção ou com a redução do IRS em 50% para aqueles que regressam
ao País, daqueles que emigraram?».
Sr. Deputado, deixe-me dizer-lhe o seguinte, relativamente às propostas que o CDS-PP nos traz a esta Casa:
o que achamos sobre esta matéria, e sempre o dissemos, é que medidas desgarradas e avulsas, ainda que
bem-intencionadas, nunca produziram bons efeitos ou, pelo menos, não produziram os efeitos que todos
desejávamos que produzissem.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Ah! Já diz uma coisinha…
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Isso, disse-o do cimo daquela tribuna e repito-o agora a V. Ex.ª.
E gostaria ainda de dizer o quê? Gostaria de dizer o seguinte: o que achamos é que as medidas têm de ser,
de facto, estruturais, têm de ser medidas radicais e têm de assentar, sobretudo, em três áreas ou em três frentes
de ataque: por um lado, na discriminação fiscal, e, neste caso concreto, devemos reconhecer que as propostas
do CDS-PP são um contributo nesta matéria, para este debate; na desconcentração da Administração Pública
e na aposta de um sistema urbano verdadeiramente policêntrico, baseado nas cidades médias e nas sedes do
concelho.
De facto, é nestas três frentes de ataque que é possível valorizar o interior e torná-lo atrativo não só para
quem lá vive mas para aquelas pessoas que têm de lá saído.