I SÉRIE — NÚMERO 19
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O Sr. António Costa Silva (PSD): — Bem, ainda deixam a expectativa de que talvez seja para 2022, 2023.
Mas, pergunto: há mais médicos no interior? Há mais médicos especialistas no interior? Há mais médicos
especialistas e enfermeiros no interior?
Sr. Primeiro-Ministro, no Alentejo, por exemplo, que representa um terço do território português, não há um
ortopedista no sistema nacional de saúde!
O Sr. João Dias (PCP): — Não é verdade!
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Em todo o País, não há ginecologistas, anestesistas,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Não é verdade!
O Sr. António Costa Silva (PSD): — … faltam pedopsiquiatras, pediatras, etc., etc.
Aliás, ao nível do transporte de doentes, basta lembrar uma circunstância: um transporte de doentes de Faro
para Lisboa passa por Évora, vai a Portalegre e vem para Lisboa e, no final do dia, faz o inverso. Estamos a
falar de transporte de doentes oncológicos! É esta a forma como este Governo trata as pessoas e trata o interior!
É assim que este Governo trata, efetivamente, as pessoas do interior.
Refiro, já agora, os investimentos nas escolas, nos últimos anos: zero!
Protestos da Deputada do PS Hortense Martins.
É esta a resposta que lhe sei dar.
Quanto a novos equipamentos sociais passa-se a mesma coisa; nas áreas de acolhimento empresarial, a
mesma coisa; no investimento em infraestruturas científicas e tecnológicas, a mesma coisa.
Aliás, basta ver a execução dos fundos comunitários nestas áreas para vermos o nível de investimento.
Protestos do PS.
Concursos abrem, anúncios abrem, mas execução zero!
Ao nível dos transportes, suprimem comboios no interior, mudam comboios intercidades para regionais, mas
as pessoas pagam o mesmo; atrasam-se os comboios em cerca de duas horas; há avarias permanentes. Mas
quando falam de investimento, e de um investimento importante como é a ligação Sines-Caia para transporte
de mercadorias, esquecem-se, precisamente, das paragens do comboio em Évora, em Vendas Novas e na zona
dos mármores. É assim que trata o interior.
Sr. Primeiro-Ministro, este País espera, efetivamente, que se adotem políticas adequadas para o interior, não
com cortes brutais, não a esquecer o futuro, não com a falta de reformas. O interior continua a perder população,
a ficar mais envelhecido, a perder emprego, a perder investimento. É uma sangria o que temos no interior.
O interior precisa de um olhar diferente, com políticas públicas mais agressivas, quase radicais. Não é com
as medidas públicas que constam do Orçamento do Estado para 2019, que são quase inexistentes, que se
consegue fazer alguma coisa.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, este Governo faz-me lembrar uma lenda do Alentejo, a
lenda dasempre-noiva, que se passa numa terra próxima de Arraiolos, num monte.
Neste caso, a noiva é o interior do País, que parece ter arranjado noiva e que vai casar, sempre com grandes
expectativas, mas não acontece nada. Criam-se muitas expectativas, mas não acontece nada.
A noiva bem se arranja, até pinta as unhas em pleno período de Orçamento…, mas não acontece nada.
Protestos do PS.
Sr. Ministro Adjunto, sabe quem é o noivo? Não é o senhor, é o Primeiro-Ministro de Portugal.
Aplausos do PSD.