31 DE OUTUBRO DE 2018
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O problema, Sr. Ministro, é de prioridades e de vontade política. E a vontade do Governo é alcançar o défice
zero.
O Sr. Ministro da Economia é, em conjunto com o Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, um dos
responsáveis pela execução do investimento público, por isso pergunto-lhe: como justifica estes dados? Como
explica a reiterada falta de execução do investimento público face àquilo que foi inscrito no Orçamento? Qual é
o seu compromisso de execução com os projetos de investimento que aparecem neste Orçamento para 2019 e
que, em muitos casos, já pecam por tardios?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para finalizar esta ronda de pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado
Nuno Magalhães, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.
Ministro, este é o primeiro discurso que faz neste Parlamento na qualidade de Ministro da Economia e devo
dizer-lhe, Sr. Ministro, que foi, verdadeiramente, uma desilusão.
Vozes do PS: — Oh!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Não tanto, Sr. Ministro, por aquilo que disse, mas, e sobretudo, por
aquilo que o Sr. Ministro não disse e que qualquer Ministro da Economia deveria dizer.
Talvez haja razões para isso, e já as vou explicar, ajudando um pouco. No dia seguinte a o Sr. Ministro das
Finanças ter alegadamente anunciado uma baixa de ISP (imposto sobre produtos petrolíferos e energéticos), o
Sr. Ministro da Economia vem discursar, sabendo o que o ISP é uma questão essencial para muitas empresas
e para muitos cidadãos que vivem no interior. E o que faz? Não fala sobre o assunto. Nada diz.
Sr. Ministro, estava francamente à espera que, finalmente, nos explicasse a tão enigmática frase dita ontem
pelo Sr. Ministro das Finanças, que nos explicasse o porquê do que disse e da forma como o disse. Senão,
ficamos a saber que o Sr. Ministro da Economia — e por isso é que não falou no assunto — percebeu, como
nós percebemos, que aquilo que o Sr. Ministro das Finanças disse é mais um logro deste Orçamento «faz de
conta».
Vou explicar porquê, Sr. Ministro: desde logo, porque não abrange o gasóleo, o tal que as empresas usam,
o tal dos cidadãos do interior, que, como sabe, aumentou 40 cêntimos por litro desde 2016. Devia ter descido 6
cêntimos, Sr. Ministro, para ajudar a economia, mas desce zero!
Mesmo na gasolina, a redução de 3 cêntimos que o Sr. Ministro das Finanças ontem anunciou, para ser
neutral face ao aumento, teria de ser de 4 cêntimos. Ou seja, na verdade, aquilo que o Sr. Ministro das Finanças
ontem disse é que se prevê um aumento de 1 cêntimo.
Por fim, o Sr. Ministro também não explicou — aí até concedo que seja mais para o Ministro das Finanças,
que não quis explicar — como é que o Orçamento, onde o Sr. Ministro das Finanças diz que desce o ISP, prevê
um aumento de receita do ISP na ordem dos 200 milhões de euros. O Sr. Ministro não explicou, não falou, não
disse nada. E eu tenho uma de duas explicações: ou porque o Sr. Ministro não acredita — e acho que faz bem,
torna-o sensato face ao passado recente —, ou então foi porque o Sr. Ministro, que, como sabe, tem a tutela do
consumidor, percebeu desde logo que era publicidade enganosa e que era melhor não dizer nada e fingir que
nada se passou.
Aplausos do CDS-PP.
Mas, Sr. Ministro, houve mais ausências. Num Orçamento em que aumenta todas as tributações autónomas,
que é um Orçamento que não é amigo das empresas, o Sr. Ministro nada diz. Nada diz, por exemplo, sobre o
IRC. Se juntarmos a taxa de IRC com as tributações autónomas, temos uma das mais altas taxas de IRC da
União Europeia juntamente com França. Isso não preocupa o Ministro da Economia? O que é que o Sr. Ministro
vai fazer? Vai continuar a deixar, por exemplo, o Sr. Ministro das Finanças cativar todas as verbas da formação
profissional? Vai continuar a achar que a formação profissional é algo de menos importante?