28 DE NOVEMBRO DE 2018
59
habitação, infraestruturas, as questões ligadas à saúde, aliás, também com compromissos muito claros e
objetivos, desta vez inscritos no Orçamento do Estado.
Assim haja capacidade para a execução das medidas, nomeadamente, em termos de segurança social mas
também de apoio à saúde, e o Governo não faltará aos seus compromissos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Passamos à apreciação do artigo 197.º — Alteração ao Código
do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.
Tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Rocha Andrade, do Partido Socialista.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, este é o quarto Orçamento deste Governo em maioria parlamentar e é o Orçamento que conclui a
promessa de alívio fiscal no IRS. O alívio fiscal que aconteceu todos os anos, começando, nos primeiros dois
anos, com a redução e a extinção da sobretaxa e, nos dois anos seguintes, com uma reestruturação de escalões
que se concentrou, sobretudo, no segundo escalão, que é, aliás, onde está a mediana dos rendimentos do
trabalho em Portugal, infelizmente, e que totaliza, neste momento, uma devolução de rendimento, ou seja, uma
perda de receita superior a 1000 milhões de euros anuais.
Por isso, porque concluímos este processo, não faz sentido pegar num qualquer aspeto isolado desta vasta
reforma e dizer que o alívio fiscal podia ser maior. O alívio fiscal pode sempre ser maior, e não é difícil propor
alívios fiscais quando não se está no Governo!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Bem observado!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Aliás, o PSD e o CDS provam constantemente a facilidade que há
em propor alívios fiscais quando não se está no Governo!
Aplausos do PS.
Difícil é executar alívios fiscais e, ao mesmo tempo, assegurar que há recursos públicos para financiar todas
aquelas prioridades que, desde o começo da manhã de ontem, estamos aqui a discutir e para as quais, a julgar
também pelas intervenções, esses recursos públicos são sempre insuficientes.
Neste Orçamento, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista propõe um conjunto de medidas das quais me
permitia destacar duas que favorecem no IRS a poupança para a reforma: uma, eliminando o incentivo à
desmobilização antecipada de fundos de pensões, e outra, permitindo que a consideração das mais-valias
imobiliárias para quem tem mais de 65 anos se faça por outros meios que não só por aquisição de uma nova
casa.
Mas há também muitas votações importantes, na especialidade, em torno de IRS, porque os mesmos
partidos que, em 2014, fizeram uma reforma do IRS vêm agora, em 2018, apresentar um conjunto de propostas
que, fundamentalmente, abandonam a filosofia que estava presente na própria reforma que apresentaram e
que, no caso do CDS — verdadeiramente! —, atira também pela borda fora o princípio da igualdade tributária.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares.
O Sr. Deputado quer um exemplo? O exemplo é o seguinte: nas deduções à coleta do atual IRS, o Estado
permite uma dedução à coleta de 15%, com limite, na saúde, e permite uma dedução à coleta de 30%, com
limite, na educação; o CDS vem agora propor que alguns contribuintes, quando põem gasolina no carro, tenham
uma dedução à coleta de 100% e sem qualquer limite!
Srs. Deputados, sei que o CDS já corrigiu a proposta que, na alteração à taxa reduzida do IVA, incluía os
espetáculos de caráter pornográfico na taxa reduzida, mas estas propostas são o equivalente.