I SÉRIE — NÚMERO 22
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O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Para isso já temos as vossas intervenções!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Estas propostas são obscenas do ponto de vista da igualdade
tributária. Estas propostas são a pornografia fiscal!
Aplausos do PS.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Obsceno é mentir às pessoas! Isso é que é obsceno!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá, do PCP.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, o PCP propõe, em
sede de IRS, um novo alívio fiscal para os contribuintes de baixos rendimentos, por via de um aumento do
mínimo de existência.
Por proposta do PCP, o mínimo de existência foi descongelado em 2018, garantindo que, no próximo ano, o
seu valor aumentará 150 €. Mas é possível — e justo! — ir mais longe. Por isso, propomos uma alteração da
fórmula de cálculo do mínimo de existência, garantindo um alívio fiscal que poderá ir até aos 450 €.
Propomos, ainda, a atualização dos limites dos escalões do IRS. O anterior Governo PSD/CDS não fazia
essa atualização, implicando que o IRS se ia agravando um pouco todos os anos. Desde 2016, com a
intervenção decisiva do PCP, os limites de escalões foram atualizados anualmente, mas agora o PS e o seu
Governo, obcecados com o défice, pretendem interromper essa prática e voltar a congelar os escalões do IRS
para ir buscar mais 60 milhões de euros aos rendimentos do trabalho. O PCP rejeita este caminho, propondo
uma atualização à taxa de inflação.
Apresentamos também uma proposta dirigida aos inquilinos vítimas da lei dos despejos do anterior Governo
PSD/CDS. Propomos que as indemnizações recebidas na sequência de ações de despejo não sejam tributadas
em sede de IRS. Entende o PCP que estas pessoas, regra geral idosas e com baixos rendimentos, não devem
ver o seu problema de perda de habitação agravado com um pagamento adicional de imposto.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — A par destas medidas de alívio fiscal dos trabalhadores, dos reformados e das
famílias, o PCP propõe uma tributação mais adequada dos grandes rendimentos e dos grandes lucros. Mais
concretamente, propomos, em sede de IRS, o englobamento obrigatório dos rendimentos de capital e prediais
para os contribuintes com rendimentos muito elevados e, em sede de IRC, a criação de um novo escalão da
derrama estadual para as grandes empresas.
Estas são medidas justas e necessárias que trazem maior equidade fiscal ao Orçamento do Estado.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Cristóvão Crespo, do PSD.
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
o que me ocorre primeiro é perguntar aos portugueses e às empresas onde é que está o alívio fiscal que o Sr.
Deputado Rocha Andrade trouxe à Assembleia,…
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — É a EDP! A EDP teve um alívio fiscal!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Estamos a falar de IRS, não é de IRC!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — … porque, de facto, este é o capítulo predileto da maioria de esquerda:
castigar os portugueses e as empresas com impostos.