I SÉRIE — NÚMERO 31
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Luís Ferreira, pelo Grupo
Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes».
O Sr. JoséLuísFerreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, as minhas primeiras palavras são para, em nome
de Os Verdes, saudar os milhares de cidadãos que promoveram esta petição, que visa defender a qualidade
dos serviços prestados pelo Hospital Dr. Francisco Zagalo, em Ovar, bem como a sua natureza de proximidade,
o seu funcionamento e autonomia, mas sempre integrado no SNS (Serviço Nacional de Saúde).
De facto, como referem os peticionantes, o hospital de Ovar presta um serviço incomparável de proximidade,
não só às populações do município de Ovar, mas também às populações dos concelhos vizinhos.
É considerado um hospital de excelência, servindo os utentes em variadíssimas especialidades, contando
ainda com uma grande variedade de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, além de dispor de
uma unidade de cuidados continuados e de um bloco operatório.
Sucede que o hospital de Ovar carece de uma intervenção importante, nomeadamente ao nível do bloco
operatório, de forma a alcançar as condições técnicas e de segurança para um melhor e mais seguro serviço
aos utentes.
E tal como sucedeu em muitas zonas do País, onde foram encerrados serviços de atendimento permanente
ou serviços de urgência básica, também Ovar perdeu o seu serviço de urgência em 2007, o que obrigou as
pessoas a recorrer às urgências do Hospital São Sebastião, em Santa Maria da Feira, com poucas
acessibilidades, e criando muitas dificuldades, sobretudo às pessoas com mais idade.
Mas o encerramento do serviço de urgências, além de criar grandes constrangimentos às populações de
Ovar, em termos de tempo, custos e comodidade, contribui ainda para congestionar as urgências do Hospital
São Sebastião, frequentemente saturado e com enormes tempos de espera.
Quanto aos recursos humanos, recorde-se que cerca de 30% dos seus trabalhadores encontravam-se, no
final do ano passado, com vínculo precário, sendo que muitos desses profissionais contam com décadas de
serviço neste hospital, o que constitui um claro desrespeito para com estes trabalhadores e em nada contribui
para a qualidade da prestação dos serviços de saúde aos cidadãos.
Já com o atual Governo, foi apresentada a proposta de criação de uma unidade local de saúde de Entre
Douro e Vouga, que integraria o Hospital Dr. Francisco Zagalo, em Ovar. Mas esta proposta mereceu a
contestação e a luta dos utentes deste hospital, e a oposição expressa dos próprios órgãos autárquicos do
município de Ovar, bem como do Conselho Consultivo do Hospital Dr. Francisco Zagalo, em Ovar.
De facto, esta megaestrutura teria uma dimensão enorme, que rapidamente haveria de criar dificuldades na
sua articulação e no seu desempenho, comprometendo seriamente não só a sua natureza de proximidade, mas
também a resposta às necessidades dos doentes e dos seus profissionais, como a reabilitação do bloco
operatório, a reabertura do serviço de urgência, ou até a integração dos profissionais com vínculos precários
nos quadros do hospital.
Por isso, Os Verdes apresentam a sua iniciativa legislativa, que, a nosso ver, vai ao encontro não só dos
propósitos que nortearam a apresentação desta petição, mas também dos objetivos pretendidos pelos
respetivos peticionários.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Pinho de Almeida, pelo
Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. JoãoPinhodeAlmeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Gostaria, em primeiro
lugar, em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP, de cumprimentar os peticionários, bem como todos os
utentes, pessoal clínico e demais pessoal do Hospital Dr. Francisco Zagalo, em Ovar.
Como já foi dito, este é um hospital com uma situação administrativa sui generis, porque não está integrado
em nenhum centro hospitalar, nem em nenhuma unidade local de saúde.
Ainda assim, o problema — e aquela que é a razão de ser da petição, que tem exatamente a ver com o
problema — não é um problema administrativo. O hospital, apesar desta situação administrativa, desempenha
um papel relevantíssimo na prestação de cuidados de saúde, num município com mais de 55 000 habitantes e
que tem especificidades — as quais, obviamente, justificam uma resposta de saúde à altura —, designadamente