I SÉRIE — NÚMERO 46
10
com uma estratégia de investimento que retire o ruído partidário e a permanente controvérsia que distrai quem
executa e compromete a eficácia, a eficiência e as mais-valias das importantes infraestruturas do País.
É nestes termos que estamos completamente de acordo em que este projeto de resolução baixe à comissão
competente, para dar início à ronda final de debate interpartidário, antes da sua submissão ao Conselho Superior
de Obras Públicas para aprovação.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Ministro do Planeamento e das
Infraestruturas, Pedro Marques.
O Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas (Pedro Marques): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas
e Srs. Deputados: É bem conhecida a dificuldade do País em construir consensos em torno das grandes obras
públicas. A cada Governo a tendência é rasgar os planos do Governo anterior e fazer novos planos que,
ironicamente, muitas vezes não diferem muito do plano que anteriormente se tinha rasgado.
Como resultado, os grandes projetos de infraestruturas de que o País precisa têm sido sucessivamente
adiados. Quanto tempo o Alentejo esperou pela barragem do Alqueva, que bem sabemos hoje ser tão importante
para o seu desenvolvimento?!
O País precisa e os portugueses exigem de nós acordos e compromissos em torno das grandes
infraestruturas.
Foi por isso que, quando chegámos ao Governo, tomámos a firme decisão de não rasgar os planos anteriores
só para fazer planos com a nossa assinatura. Foi por termos tomado essa opção de executar o PETI que as
obras não foram novamente adiadas e, depois de realizarmos os estudos e projetos que não encontrámos
quando chegámos ao Governo, lançámos os concursos e colocámos no terreno as obras que estão a modernizar
Portugal.
Bem mais de metade dos projetos do PETI estão concluídos, em obra ou em processo de obra e no dia em
que demos avanço a um dos projetos consensuais mas que, curiosamente, acabou por não constar na versão
final do PETI, o sistema de mobilidade do Mondego, quero também recordar às Sr.as Deputadas e aos Srs.
Deputados que iniciámos a preparação do Programa Nacional de Investimentos, que define, então, os projetos
de investimento para a próxima década.
Nesse sentido, em julho do ano passado, iniciámos um amplo processo de auscultação da sociedade civil,
com o objetivo de recolher contributos para o Programa Nacional de Investimentos. Este processo participativo
enriqueceu, certamente, o trabalho do Governo e das instituições da Administração Pública, podendo, assim,
reunir muita informação e um largo apoio junto de agentes económicos e sociais, que é o que esperamos no
futuro.
Mas trabalhámos também de há muito para cá para alcançar o mais amplo consenso político. Dissemo-lo
desde a primeira hora e tomámos a iniciativa de agendar um debate aqui, na Assembleia da República, e
convidámos os agentes políticos a apresentarem as suas propostas e a sua visão para o Programa Nacional de
Investimentos. Realizámos reuniões com todos os grupos parlamentares, nas quais apresentámos o Programa
Nacional de Investimentos e dispusemo-nos a encontrar o consenso de que o País precisa em torno das
infraestruturas estratégicas para o seu desenvolvimento.
Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Foi com agrado que ouvimos a intervenção do Partido
Socialista manifestando abertura para criar condições aqui, na Casa da democracia, no sentido de que essa
votação alargada e consensual seja, pelo menos, uma real possibilidade. O País precisa e os portugueses
exigem, de facto, essa capacidade de compromisso entre os partidos, entre os agentes políticos.
Este Programa Nacional de Investimentos concretiza opções estratégicas para o desenvolvimento, já
definidas no acordo estratégico definido para o Portugal 2030, onde consubstanciamos uma estratégia de
desenvolvimento para a próxima década.
Relativamente a esse instrumento de planeamento estratégico, a essa preparação da negociação europeia,
foi já possível estabelecer um amplo consenso, que valorizamos e que envolveu o maior partido da oposição.
O Programa Nacional de Investimentos é, assim, um instrumento de concretização dessa estratégia,
definindo projetos, os seus orçamentos e as respetivas fontes de financiamento e garantindo que todos os