1 DE FEVEREIRO DE 2019
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Pois bem, resta ao Grupo Parlamentar do PS perguntar aos restantes partidos, ao CDS-PP e ao PSD, o que
é que desejam fazer no futuro: estabelecer compromissos com o PS e com o atual Governo ou permanecer
entrincheirados naquele que tem sido um reduto de VV. Ex.as, ou seja, a oposição pela oposição?
Pergunto também ao Governo se a sua vontade é ou não percorrer o caminho no estabelecimento do
compromisso e na aquisição de vontades maiores do que a mera vontade do combate político, redundante na
própria Legislatura.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José
Carlos Barros, do PSD.
O Sr. José Carlos Barros (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, Sr. Ministro, com
esta proposta do Governo sobre investimentos estruturantes a lançar na próxima década, o Algarve volta a ter
más notícias.
Veja-se, como exemplo, um subsetor fundamental para a mobilidade da região: a ferrovia. Em 4000 milhões
do Programa para a ferrovia, zero para a reformulação da Linha do Algarve, num domínio onde o investimento
seria estrutural e estruturante.
Este Programa podia apenas ser mau e territorialmente desequilibrado, mas, Sr. Ministro, no caso do Algarve,
é insultuoso!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia, de Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, um plano desta natureza como é o
plano nacional de investimentos 2030, e porque estamos a falar de objetivos que temos a nível nacional e que
são fundamentais prosseguir, como o da coesão territorial, é determinante que, quando se constrói um plano
desta natureza, se avalie justamente o impacto que ele pode ter sobre um objetivo nacional prioritário, que é,
como disse, neste caso concreto, a coesão territorial, ou seja, o combate às assimetrias regionais.
Gostava que o Sr. Ministro nos dissesse se a avaliação do impacto sobre a necessária coesão territorial que
temos de construir está feita através deste PNI 2030, como é que considera que, em 2030, o País estará
diferente nesse aspeto e como é que teremos contribuído para diminuir as assimetrias regionais, através de um
conjunto de investimentos programados.
Por outro lado, o Sr. Ministro sabe de cor que Os Verdes consideram que a ferrovia é um instrumento
determinante para combater as assimetrias regionais que grassam pelo País.
Nesse sentido, é determinante — dissemo-lo e trabalhámos para isso desde o início da Legislatura — inverter
a lógica do passado, que era a de desvalorizar a ferrovia, encerrar linhas ferroviárias, destituir as populações e
o território deste meio de transporte, fundamental para, por exemplo, contribuir para o combate às alterações
climáticas.
Assim, se era importante deixar para trás aquela que era a lógica do passado, de encerramento e
desvalorização da rede ferroviária nacional, então era necessária uma vontade política para um reforço
financeiro no investimento da ferrovia.
De facto, este PNI 2030 traz esse reforço financeiro, mas não é bastante, Sr. Ministro, não é bastante, porque
nós precisamos de perceber que o pacote financeiro, se não for executado, vale pouco — e não encolha os
ombros, Sr. Ministro —, é preciso que seja executado.
Mais: é fundamental que seja ambicioso. Entendemos que o Governo peca por não ter a ambição de que o
País precisa. Fala em muitos estudos e em pouca concretização, necessária para a reabertura de algumas
linhas ferroviárias que foram encerradas e que bem são necessárias às populações. É pouco ambicioso, por
exemplo, quando propõe a eletrificação da linha férrea Casa Branca-Beja, mas não alarga esta extensão até à
Funcheira.