9 DE MARÇO DE 2019
11
circunstâncias iguais, tiver a mesma igualdade de oportunidades, de direitos e responsabilidades, sem
obstáculos à participação económica, política e social.
Sejamos claros: adicionar direitos a um não significa subtrair direitos a outro.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Laura Monteiro Magalhães (PSD): — O caminho em prol da igualdade de género tem sido longo,
mas tem de continuar a ser percorrido em conjunto, com o envolvimento de mulheres e homens, em defesa de
uma sociedade mais igualitária.
A necessidade de uma mudança de mentalidades para dignificar as mulheres nos vários campos de atuação,
sejam eles políticos, económicos ou sociais, constitui uma certeza: este assunto não diz respeito unicamente às
mulheres, mas, sim, a toda a sociedade. Só com o envolvimento de todos conseguiremos remover barreiras e
criar oportunidades para sermos uma sociedade mais paritária nos diferentes papéis, mais livre no pensamento,
mais ágil no comportamento e mais plural nas escolhas.
Ambos os géneros podem e devem ser poderosos. Criemos, pois, as condições para que isso aconteça.
Essa é a nossa missão. E esta deve ser a nossa ambição.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Ministra da
Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva.
A Sr.ª Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa (Mariana Vieira da Silva): — Sr.
Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Celebramos hoje o Dia Internacional da Mulher, data que assinala a luta das
mulheres pela igualdade de direitos e pela afirmação de uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária.
Desde os primeiros protestos das mulheres operárias por melhores condições de vida e de trabalho, no início
do século XX, um longo caminho foi percorrido e importantes conquistas foram alcançadas, mas as razões de
fundo desta luta mantêm-se.
Nas mais diversas dimensões, as mulheres conseguiram libertar-se de muitas das amarras que as prendiam
a representações retrógradas e estereotipadas e afirmar o seu pleno potencial enquanto mulheres, enquanto
cidadãs e enquanto profissionais. Foram muitos os avanços, mas ainda persistem desigualdades inaceitáveis.
O peso das mulheres no universo de pessoas com formação superior duplicou: era de 30%, em 1970, e é,
agora, de 62%. E, ainda assim, as mulheres ganham menos 18% do que os homens.
Os apoios sociais triplicaram: de 5% do PIB (produto interno bruto), em 1974, para 16% do PIB, em 2016. E,
ainda assim, sabemos que ser-se mãe solteira é um dos maiores preditores do risco de pobreza, com 28% dos
agregados monoparentais a viver abaixo da linha de pobreza.
O peso das mulheres nos governos de Portugal subiu de menos de 2%, em 1976, para mais de 34%, em
2015. E, ainda assim, apenas 1 em cada 10 mulheres preside a câmaras municipais.
A proporção de homens que goza licença parental subiu de 0,5%, em 2005, para mais de 37%, em 2017. E,
ainda assim, as mulheres entre os 25 e os 44 anos realizam uma média de 5 horas e 28 minutos por dia de
trabalho não pago, mais duas horas do que os homens.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, mais de 100 anos depois das lutas que motivaram a criação deste
dia, a verdade é que as mulheres continuam a não ver os seus direitos devidamente reconhecidos. Continuam
a ter salários menores, continuam a estar sub-representadas nos cargos de liderança, continuam a ocupar-se
da maior parte das tarefas domésticas, continuam a ser discriminadas pelo facto de serem mães e continuam a
enfrentar níveis intoleráveis de violência.
Aos passos decisivos que já foram dados para combater a discriminação temos de juntar a ação de todos e
de cada um para construirmos uma sociedade mais justa e mais igual.
É neste sentido que temos trabalhado e que vamos continuar a trabalhar. Foi o que fizemos quando
estabelecemos o regime de representação equilibrada entre géneros no pessoal dirigente e órgãos da
Administração Pública e do poder político, no setor empresarial do Estado e nas empresas cotadas e quando
aumentámos de 33% para 40% o limiar de representação inscrito na lei da paridade.