I SÉRIE — NÚMERO 64
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O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Um dos indicadores que mais reflexo direto tem na vida dos portugueses,
Sr. Primeiro-Ministro, é o emprego, e em Portugal a criação de emprego tem sido uma constante. São 360 000
empregos líquidos criados por este Governo.
Nos últimos três anos, o emprego em Portugal cresceu o dobro do que na Europa, 7,5% versus 4%. No
emprego jovem, há mais 55 000 empregos líquidos e este crescimento está a ser feito com melhores condições
laborais, menos precariedade e estamos face a uma criação de emprego transversal e de vários setores
económicos.
Falar de emprego convoca-nos para falarmos de desemprego, e aqui também temos o índice mais baixo dos
últimos 16 anos, 6,7%.
Nos últimos três anos, a taxa de desemprego em Portugal caiu mais do dobro do que na Europa. Portugal
tem hoje a nona taxa de desemprego mais alta da Europa; em 2015 era a quinta.
Sr. Primeiro-Ministro, queria também — não posso deixar de fazê-lo — falar de pobreza e desigualdade.
Tendo em consideração os números de 2017, atingimos a taxa de risco de pobreza e nível de desigualdade
mais baixa de sempre. Nos últimos dois anos, saíram da situação de risco de pobreza cerca de 180 000
portugueses e nas crianças a taxa de risco de pobreza atingiu, em 2017, 18,9%, o valor igualmente mais baixo
de sempre: são menos 72 000 crianças que estão em risco de pobreza, mas não deixa de continuar a ser um
desafio.
Quanto ao nível de desigualdade, também queria referir que Portugal atingiu, em 2017, o nível mais baixo de
sempre — aliás, desde que há indicadores, desde 2003.
Sr. Primeiro-Ministro, este é o retrato do Portugal de hoje, com factos, com números: um Portugal mais
solidário, com uma economia a crescer e em convergência; com mais emprego, mais riqueza, mais justiça social,
menos pobreza, menos exclusão social.
A ambição dos portugueses é que Portugal, amanhã, seja ainda melhor e, por isso, Sr. Primeiro-Ministro,
contamos consigo, com o Governo e com esta maioria para prosseguir este rumo. É precisamente por sabermos
da importância que certas medidas têm na vida dos portugueses que queria colocar-lhe uma questão
precisamente a respeito do programa de apoio de redução tarifária. Sabendo do valor significativo de
investimento que está já alocado, 85% do previsto inicialmente e que até cresceu por força da disponibilidade
dos municípios, e sabendo também que já existe uma previsão para dia 1 de abril de que 85% dos portugueses
possam ser abrangidos, queria pedir-lhe que nos diga quando poderemos ter este programa na sua plenitude e
como perspetiva os seus impactos na economia das famílias e, muito particularmente, no grande desafio da
transição energética.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Anastácio, já é difícil voltarmos ao
primeiro dia em que aqui estivemos a apresentar o Programa do Governo. Nessa altura, do conjunto dos fundos
do Portugal 2020, que já tinham dois anos de execução, tinham chegado até essa data às empresas 4 milhões
de euros — 4 milhões de euros! Lembro-me bem que um compromisso que então assumimos, e de que muitos
se riram, achando que era excessivamente ambicioso, era o de conseguirmos, nos primeiros 100 dias de
mandato do Governo, fazer chegar às empresas os primeiros 100 milhões de euros de investimento. Depois,
conseguimos acelerar e chegámos ao final desse ano não nos 200 milhões de euros, como nos propúnhamos,
mas já perto dos 300 milhões de euros. E assim fomos acelerando, sucessivamente. Hoje, somos o primeiro
país da União Europeia na execução de fundos comunitários, com taxas que vão, em todos os programas, de
um mínimo de 32% a um máximo de 37% de execução.
Isso mostra bem a importância que teve essa capacidade de investir para podermos ter a situação económica
que hoje temos. E o investimento dos fundos comunitários tem de ser acompanhado da contrapartida nacional.
Foi, por isso, essencial assegurar capacidade, quer do Estado, quer das autarquias, quer das empresas, para
assegurarem a sua parte da contrapartida nacional. Por isso, esse esforço de apostar no investimento tem ido
sempre a par com a estabilização das nossas contas públicas, porque a redução da taxa de juro da República
não poupou só aos contribuintes, diretamente, 1200 milhões de euros, poupa às empresas e às famílias muitos