20 DE MARÇO DE 2019
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constatamos que, já em 2016, o Governo tinha anunciado a criação dessa linha! Foi mesmo original o que
aconteceu na semana passada!
Sr. Primeiro-Ministro, relativamente às empresas, para além da linha de crédito, o que é que está a ser feito
para apoiar as empresas a redirecionarem as sua exportações para o Reino Unido?
Como apoia o Governo o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) com vista ao necessário reforço dos
meios humanos e das infraestruturas, quando este está interdito de contratar funcionários?
Sr. Primeiro-Ministro, relativamente ao tema da Venezuela, Portugal, em linha com a vasta maioria da União
Europeia, reconheceu, e bem, o presidente interino Juan Guaidó com vista à necessidade de novas eleições
presidenciais livres e credíveis na Venezuela.
O corolário deste reconhecimento implica, necessariamente, o reconhecimento dos representantes especiais
designados por Guaidó e pela Assembleia Nacional para cada país. Não falamos de embaixadores, Sr. Primeiro-
Ministro. Tal seria só após a realização de eleições livres.
Ontem, numa entrevista num jornal português, o presidente da Comissão de Política Externa da Assembleia
Nacional da Venezuela referiu que já está em Portugal o representante designado por Guaidó, mas Portugal
ainda não o reconheceu. Pergunto-lhe: quando o irá fazer?
Sr. Primeiro-Ministro, vai também pedir um aumento da pressão internacional dos seus pares europeus sobre
o regime de Maduro? Pergunto mais: vai usar a sua voz para pedir à União Europeia que tenha uma ação
conjunta para proteger os ativos do Estado venezuelano nos países europeus, algo que é fundamental para a
própria reconstrução da Venezuela após as eleições livres, no futuro?
Quanto ao terceiro tema, o Sr. Primeiro-Ministro referiu já a questão da preparação da Cimeira União
Europeia-China, a 9 de abril, cuja importância acompanhamos. As instituições comunitárias têm sido claras,
também, sobre o relacionamento futuro da União Europeia com a China, seja para as potencialidades, seja
também para os riscos. E é preciso também referir os riscos.
A Comissão Europeia pede uma unidade total para lidar com os desafios económicos e tecnológicos que
veem da China, que é descrita como «um rival sistémico, que promove sistemas alternativos de governação.»
Rival sistémico, Sr. Primeiro-Ministro! Acompanha a Comissão Europeia nesta descrição?
A Comissão Europeia quer, por exemplo, uma maior abertura da China às regras da ordem internacional e
uma garantia de reciprocidade na abertura de mercados, uma vez que a China se tornou, efetivamente, um
concorrente estratégico da Europa.
Mais, a Comissão recomenda ainda que os estados membros garantam a implementação do regulamento
relativo à fiscalização do investimento de países terceiros, de forma a detetar riscos de segurança às
infraestruturas críticas. E solicita aos Estados-Membros, por isso mesmo, um entendimento comum à segurança
das redes 5G.
Sr. Primeiro-Ministro, já depois de amanhã, terá também de se pronunciar sobre estas matérias junto dos
seus homólogos. Acompanha estas preocupações ou bate o pé na companhia, somente, do Governo italiano?
Gostaria de recordar a entrevista que deu ao Financial Times, na qual disse o seguinte: «Uma coisa é usar
mecanismos de rastreio de investimento para proteger setores estratégicos, outra coisa é usar isso para abrir a
porta ao protecionismo». Sr. Primeiro-Ministro, ninguém aqui defende o protecionismo; o que está em causa é
a segurança das infraestruturas.
Aquando da visita do presidente Chinês a Portugal, em dezembro, o Sr. Primeiro-Ministro, que nem um
Cupido, lançou 17 flechas de amor para os acordos entre Portugal e a China. Devo dizer-lhe que ninguém ficou
apaixonado, bem pelo contrário.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José Manuel Pureza.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Rubina Berardo (PSD): — Termino, Sr. Presidente.
O Grupo Parlamentar do PSD pediu, em janeiro, o acesso, na íntegra, a esses acordos e até hoje ficámos
sem resposta. Perguntamos: o que é que o Governo está a esconder, Sr. Primeiro-Ministro?
E, já agora, peço-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, que na sua resposta, por favor, não se esconda no passado.