I SÉRIE — NÚMERO 64
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Mas, Sr. Primeiro-Ministro, a muito breve trecho, o Governo vai enviar para a Assembleia da República quer
o Plano de Estabilidade, quer o Plano Nacional de Reformas e, por isso mesmo, a pergunta que lhe faço é não
se podemos mas se devemos esperar do Governo uma redução do IRC no próximo Programa de Estabilidade.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Primeiro-Ministro, no tempo que ainda tenho, coloco-lhe uma
última questão.
Como o Sr. Primeiro-Ministro sabe, na passada sexta-feira, esta Câmara aprovou — com o voto contra do
Partido Socialista, mas com o voto favorável ou a abstenção das outras bancadas — duas iniciativas, entre as
quais estava uma do CDS, que exigem que o Governo rejeite a alteração do processo de decisão na União
Europeia, no domínio da política fiscal, passando da regra da unanimidade para a regra da maioria.
Por isso mesmo, a pergunta que lhe quero fazer, Sr. Primeiro-Ministro, é a seguinte: quando é que o Governo
português vai sinalizar junto da Comissão e do Conselho que se opõe a esta mesma medida, de acordo com o
que o Parlamento português exige ao Governo?
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não vai!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — As más ideias, Sr. Primeiro-Ministro, convém matá-las à nascença
e, desse ponto de vista, devemos matar a serpente fiscal logo no ovo.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Quando é que o Governo vai dizer o que o Parlamento exigiu ao
Governo?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não vai! Não vai!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro: Face à realização
do Conselho Europeu, a 21 e 22 de março, gostaríamos de sublinhar, entre outros importantes temas para
Portugal, os seguintes aspetos.
Primeiro: nos últimos dois anos, a União Europeia e as forças que, no Reino Unido, nunca aceitaram a
decisão soberana do povo britânico, tudo fizeram para a desrespeitar e para a desvirtuar.
Foram dois anos de ameaças, chantagem, intransigência, contrariamente ao que o Sr. Deputado Paulo Pisco
aqui caracterizou de «paciência» da União Europeia. Foi bem diferente! Foram, de facto, dois anos a arrastar
decisões e de criação de um impasse e bloqueio nas negociações.
Uma vez mais, afirmamos aqui que rejeitamos quaisquer intentos que visem dificultar, atrasar e, se possível,
impossibilitar a concretização da soberana, livre e democrática decisão do povo britânico de que o Reino Unido
saia da União Europeia.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Insistimos que Portugal não pode ficar refém da União Europeia. O Governo
deve acautelar e salvaguardar os interesses do País e do povo, nomeadamente através de relações de
cooperação, respeitosas e mutuamente vantajosas com o Reino Unido, incluindo os interesses e direitos da
comunidade portuguesa que vive e trabalha nesse país.