I SÉRIE — NÚMERO 64
36
É também importante que isso se faça com uma visão de coesão territorial. Para isso, esta medida tem,
necessariamente, de ter o detalhe do valor para o território que não faz parte deste território de grande
concentração e que diz respeito a dois terços do nosso território, o chamado «território do interior» ou «de baixa
densidade».
Sr. Primeiro- Ministro, gostaria que detalhasse qual o apoio às empresas para a criação de empregos nessas
regiões, quais os benefícios fiscais ao investimento, as linhas de crédito Capitalizar com mais de 4 000 milhões
de euros, a inovação como motor de crescimento. Sim, Sr.as e Srs. Deputados, porque o interior não é só aquele
interior de que, muitas vezes, se fala e se vê nas televisões, é um interior inovador, um interior onde existem
laboratórios colaborativos, de onde se exporta e onde há empresas que, todos os dias, lutam pela criação de
emprego e pela afirmação destes territórios, a favor das nossas populações.
Aplausos do PS.
A ambição do Governo é a de assegurar a sustentabilidade e a convergência para uma década com a União
Europeia, a de um Portugal mais inclusivo, não só social, mas também territorialmente.
É isso que queremos, é esse caminho que estamos a fazer e é esse caminho que continuaremos a fazer
com, estou em crer, um novo governo do Partido Socialista.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, este desenvolvimento tem de ser feito com coesão
territorial e, por isso, no âmbito da reprogramação que fizemos e que foi negociada pelo Ministro Pedro Marques,
foi possível garantir um reforço de 5000 milhões de euros de investimento nas empresas, mas com algo muito
importante: com uma reserva de 1700 milhões de euros, que só pode ser utilizada nos territórios de baixa
densidade, de forma a atrair para esses territórios mais empresas que gerem mais emprego e permitam fixar
populações. Não vale a pena fazer grandes discursos sobre o interior, porque o que permitirá revitalizar o interior
é a atração de empresas que gerem emprego, porque só o emprego fixa e atrai populações.
É por isso que vejo com muita satisfação que, neste primeiro concurso que foi feito, uma parte muito
significativa deste novo investimento se dirige, precisamente, ao interior. Cerca de 30% do investimento total
deste primeiro concurso dirige-se, precisamente, aos territórios de baixa densidade, num total de 720 milhões
de euros. E se nós analisarmos especificamente os apoios à criação de novas empresas e também para a
melhoria da capacidade produtiva de empresas já existentes, verificamos que 60% dos apoios a novas empresas
não se destinam a empresas nas grandes áreas metropolitanas, nem no litoral, destinam-se a empresas que se
vão situar, precisamente, nos territórios de baixa densidade.
Esta discriminação positiva dos territórios de baixa densidade relativamente aos incentivos à localização
empresarial é da maior importância. Foi o que fizemos, aliás, quando estabelecemos a majoração dos incentivos
fiscais ao investimento nos territórios de baixa densidade; foi o que fizemos quando concentrámos nessas
regiões do País os descontos nas portagens para os transportes de mercadorias; foi o que fizemos ao darmos
prioridade, no Ferrovia 2020, à execução das linhas ferroviárias que servem, precisamente, os corredores do
interior do País. E não são só os corredores internacionais. Sabe bem, Sr.ª Deputada, que, no seu distrito, por
exemplo, uma das obras prioritárias que está em curso é precisamente a da ligação entre a Covilhã e a Guarda
e de toda a regularização da Linha da Beira Baixa.
Ora, é esse projeto que nós temos de ir prosseguindo para continuar esta trajetória de crescimento. E aquilo
que temos de assegurar é que, até ao final da Legislatura, possamos sempre dizer o mesmo.
Pode ser que a economia mundial esteja pior, não dependerá de nós, mas o que depende de nós é o
seguinte: assegurarmos que, não obstante o contexto internacional difícil, não obstante o facto da nossa
vantagem de hoje já termos 44% do Produto associado às exportações — o que também nos expõe mais,
naturalmente, àquilo que acontece na economia global —, apesar de todos esses condicionalismos, temos de,