I SÉRIE — NÚMERO 64
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A nível europeu, o orçamento para as matérias militares e securitárias vai aumentar e o que vemos é que
aquilo que necessita de resposta, que é o investimento público, que é uma resposta humanitária efetiva, fica
completamente arredado.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira fazer o favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Pires (BE) — Vou terminar, Sr. Presidente, dizendo que estamos a ter este debate porque
também houve alterações para que a Cooperação Estruturada Permanente fosse acompanhada por este
Parlamento com mais frequência do que seria suposto, e isto é importante, mas as críticas mantêm-se, porque
aquilo que se verifica é que não houve qualquer vantagem para Portugal em aderir a este mecanismo, que serve
apenas para a manutenção de uma política militarista no seio da União Europeia.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção cabe ao Sr. Deputado Pedro Mota Soares,
do CDS-PP.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Estamos aqui hoje a discutir, por um lado, as prioridades da Presidência romena e, por outro, a participação de
Portugal na CEP.
Vou começar pelo primeiro tema. Já alguém disse aqui hoje que a Roménia optou por quatro prioridades
fundamentais: convergência, segurança, projeção internacional e valores. Qualquer uma destas matérias não é
uma matéria que se proclame única e exclusivamente, estas matérias têm de ser, muito mais do que evocadas,
praticadas.
Nós sabemos que, no caso da Roménia, isso não se está a verificar. A amnistia a políticos que foram
condenados por corrupção contende com princípios e valores básicos em que assenta a União Europeia e em
que assentam os Estados de direito, nomeadamente o da separação de poderes.
Por isso mesmo, para nós, é muito importante perceber se o Governo apoia ou não o que a Comissão tem
vindo a dizer, aliás, na sequência das recomendações da Comissão de Veneza.
A corrupção é, provavelmente, um dos motivos que justifica a ascensão dos populismos e dos nacionalismos
ao longo de toda a Europa e, por isso mesmo, não pode haver tibiezas em condenar um Estado que,
efetivamente, está a fazer uma lei de amnistia para, nesse sentido, amnistiar políticos que foram condenados
por corrupção.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Nós já instámos o Partido Socialista nos fóruns próprios a
pronunciar-se sobre esta matéria e, até agora, o Partido Socialista disse nada. O que queremos saber aqui não
é a posição do Partido Socialista, é, sim, a posição do Governo de Portugal relativamente à matéria que a
Comissão Europeia já sinalizou sobre os incumprimentos do Estado de direito na Roménia.
Segunda questão: neste momento, estamos já a cerca de metade da Presidência romena, sabemos que ela
tem pela sua frente três dossiers muito difíceis: o dossier das negociações do próximo quadro financeiro
plurianual, o dossier da reforma da união económica e monetária e o dossier da reforma do sistema de asilo.
Por isso mesmo, gostávamos de saber, por parte do Governo português, quais são as expetativas de, até ao
Conselho de dia 9 de maio, se poder avançar nestes dossiers, quando sabemos que a dimensão de aprovação
do próximo quadro financeiro plurianual já foi adiada para outubro, para a próxima presidência, que a dimensão
da união económica e monetária, que devia ter avançado em dezembro passado e não avançou, foi, novamente,
postergada para junho e que, relativamente ao sistema de asilo, infelizmente, continua a haver uma grande
divisão, uma grande separação entre muitos Estados na União Europeia.
Por fim, relativamente à CEP, saudando o facto de que é a primeira vez que estamos a fazer um balanço
anual, e isto é muito positivo, aliás, foi uma proposta do CDS, a de que pudéssemos discutir aqui, em Plenário,