I SÉRIE — NÚMERO 64
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… a vigilância reforçada, desde a atmosfera ao fundo dos mares, o apuramento dos mecanismos de
navegação e reação rápida, as guerras cibernética, química, biológica, bacteriológica e nuclear.
Associado a isto, as recentes declarações de Macron e de Merkel assumiram publicamente a defesa do
exército europeu. A Alemanha e a França deram novos passos na cooperação em grandes programas militares
e na mobilização de meios militares para intervenção conjunta. Não restam dúvidas de que se está perante o
embrião do exército europeu e de um bloco político-militar que a nossa Constituição rejeita.
Os desenvolvimentos confirmam que a Cooperação Estruturada Permanente constitui mais um instrumento
de usurpação da soberania e independência do nosso País, com mobilização de meios e recursos para servir
os interesses da NATO e das grandes potências da União Europeia e não os interesses do nosso País e do
povo português.
Reafirmamos que a política de defesa nacional deve ser orientada pelos interesses nacionais do povo
português e do País, deve ser uma política de efetiva cooperação entre Estados soberanos, iguais em direitos,
de paz e progresso social, que contribua para a desmilitarização das relações internacionais.
Aplausos do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bravo! Cumpriu o limite de tempo de que dispunha! É possível dizer tudo e
cumprir o tempo, Sr. Presidente!
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Isso aprende-se na escola de espionagem!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — É bem verdade, Sr. Deputado.
Para encerrar este debate, em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros,
Augusto Santos Silva.
Faça favor, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros (Augusto Santos Silva): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados: Em nome do Governo, agradeço as observações que aqui foram feitas, que enriquecem sempre o
debate e também o processo de decisão nacional — e, portanto, as condições da nossa participação na
construção europeia — e permitem-me algumas observações finais.
Partindo, exatamente, das prioridades definidas pela Presidência romena para o exercício da sua
presidência, a primeira prioridade é a Europa da convergência. A convergência é, de facto, uma orientação que
deve ser transversal à construção de todos os programas europeus, designadamente no quadro de preparação
das próximas perspetivas financeiras plurianuais e também na definição da agenda estratégica, que se espera
possa vir a ser aprovada já no Conselho Europeu de junho.
A convergência significa, justamente, casar competitividade e coesão, seja do ponto de vista interno, seja do
ponto de vista da afirmação da Europa e da sua economia no mundo. Nesse aspeto, como bem disse a Sr.ª
Deputada Maria Manuel Leitão Marques, damos particular atenção à promoção da inovação e aos próximos
programas europeus de favorecimento da inovação, que terão, no próximo quadro financeiro plurianual, uma
dimensão muito maior e que importa que sejam geridos de forma a que sejam um fator de aproximação entre
as diferentes economias e os diferentes sistemas científicos nacionais e não de afastamento.
Também no que diz respeito à prioridade da Europa da segurança e à prioridade da Europa como ator global,
trata-se de prioridades muito importantes e é no quadro delas que a Cooperação Estruturada Permanente
também tem o seu lugar.
A Cooperação Estruturada Permanente não significa a duplicação de esforços, de meios ou de recursos,
face aos nossos compromissos na NATO, pelo contrário, significa o reforço do pilar europeu da NATO e significa,
também, uma oportunidade muito importante para o desenvolvimento da base tecnológica e industrial
portuguesa.
Queria, apenas, pedir ao Sr. Deputado Rui Silva, do PSD, o favor de não enquadrar como questão de defesa
a questão das migrações ou a questão da Venezuela. Estas são questões políticas, designadamente a da