I SÉRIE — NÚMERO 83
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contra outras carreiras profissionais da Administração Pública é algo que já vimos muito à direita, mas que não
esperávamos ver da parte do Partido Socialista ou da parte do Governo.
E um segundo aspeto é que isto traz muita mentira à mistura. É mentira que os professores tenham uma
carreira que seja apenas de progressões automáticas por tempo — é mentira! É mentira que estivesse em cima
da mesa o pagamento de algum tipo de retroativos — é mentira! E é mentira que não existam restrições em
alguns dos escalões para progressão na carreira dos professores — é mentira!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Mas ninguém disse isso!
O Sr. António Filipe (PCP): — Por isso, criar preconceitos contra os professores para distorcer o debate
público é uma estratégia que condenamos e que não acompanhamos.
E há, depois, um problema de conteúdo. É que nós podemos levar isto para o debate último, que é o debate
das escolhas. O Sr. Deputado deu vários exemplos da banca e, para a banca, nunca faltou um cêntimo que
fosse e nunca, aí, o Partido Socialista criou uma crise política! Houve 2000 milhões de euros para o BANIF; mais
de 1000 milhões de euros, este ano, só para o Novo Banco; de forma inesperada, caíram 500 milhões de euros,
que, há seis meses, o Ministro das Finanças não conhecia, mas não foram problema, vão ser acautelados.
Protestos dos Deputados do PS Fernando Rocha Andrade e João Paulo Correia.
Mas, já agora, para deixar claras as escolhas em debate, há um outro aspeto que queria realçar no que toca
à despesa corrente do Estado, entre as propostas que estão em cima da mesa.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado. Desta vez, a Mesa não está distraída.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Veja-se, por exemplo, o valor líquido da diferença desta medida das carreiras especiais entre o que a
Assembleia propõe e o que o Governo propõe: 398 milhões de euros. E veja-se aquilo que o PS propõe manter,
as parcerias público-privadas em saúde: 450 milhões de euros.
São estas escolhas que estão em cima da mesa e nas quais não nos enganamos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os
Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, gostava de dizer
que Os Verdes consideram que é da mais elementar justiça a contagem de todo o tempo de serviço efetivamente
prestado para efeitos de progressão na carreira relativamente aos professores e também a outros trabalhadores
de outros corpos especiais da Administração Pública, e consideramos perfeitamente inaceitável a opção de não
fazer a contagem desse tempo de serviço.
Depois, deparámo-nos hoje com o relatório da UTAO, que vem desmentir completamente os números com
que o Governo tem acenado…
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Não, não vem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … para tentar justificar que é uma despesa imensa e absolutamente
incomportável, sendo que aquilo que a UTAO vem dizer é que o valor global ficará em menos de metade daquilo
com que o Governo tem acenado. É para se ver o exagero que o Governo colocou no seu discurso para tentar
ter uma razão que efetivamente não tem.
Protestos do Deputado do PS João Paulo Correia.