I SÉRIE — NÚMERO 83
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Muito obrigado pela vossa atenção.
Aplausos de Deputados do PS e da Deputada do PSD Joana Barata Lopes.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, ao abrigo do n.º
2 do artigo 76.º, o Sr. Deputado Ulisses Pereira, do PSD.
O Sr. Ulisses Pereira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: No final desta Legislatura, concluo
um percurso de 10 anos como Deputado à Assembleia da República.
Em tempo próprio, e noutro enquadramento partidário, já lá vão mais de três anos, anunciei que assim seria,
e assim será.
Ao contrário daquilo que é a espuma dos dias e dos tempos, tenho orgulho deste tempo, da função que
desempenho, daquilo que foi possível construir ou tentar construir, elogiar, propor ou denunciar, mesmo que a
esfera de intervenção de cada um de nós esteja excessivamente condicionada por espartilhos regimentais e de
disciplina partidária, que urge aligeirar para reforço da imagem da instituição parlamentar.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ulisses Pereira (PSD): — Todos nós temos a obrigação de não nos acantonarmos na trincheira do
temor mediático ou do politicamente correto, que muito tem contribuído para a descredibilização da classe
política.
Passo atrás, mais passo atrás, temo-nos aproximado do abismo de um populismo crescente, à esquerda e
à direita, que só pode ser enfrentado com argumentos, com razão, com visão de futuro, mas também com a
coragem de defender aquilo que são os nossos princípios e valores, sejam eles quais forem. É na indecisão e
nos falsos consensos que se cultivam os caminhos dos indesejáveis caudilhismos.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ulisses Pereira (PSD): — E, infelizmente, não temos sido demasiadamente fortes nesse sentido.
Esta tem de ser a Casa do debate político por excelência, do confronto das alternativas ideológicas que
democraticamente nos separam, mas também da procura dos máximos denominadores comuns que sirvam a
nossa sociedade, e o propósito de construir um futuro melhor para as gerações vindouras.
Para que tudo isto se consiga, é também necessário reformar as regras de funcionamento da Assembleia da
República e deixar bem claro que os Deputados são representantes dos eleitores, da sociedade portuguesa.
Assim devem ser vistos, defendidos e valorizados, e não como meros funcionários, cuja obrigação é estarem
sentados numa sessão plenária, mesmo que o resultado dessa presença seja marginal ou nulo.
Para isso, é necessário dizer não às propostas que visam a nossa funcionalização e a todas aquelas que
pretendem responder passivamente, acefalamente, à visão demagógica dos que constroem a imagem dos
benefícios excessivos da classe política.
Para isso, é necessário reduzir o número de sessões plenárias, e dar-lhes o conteúdo dos grandes debates
políticos e das iniciativas legislativas estruturantes, não as inundando de discussões técnicas.
É necessário reforçar o trabalho nas comissões parlamentares especializadas, conferir-lhes mais visibilidade
e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.
É necessário reformular os processos de votação, ponderando quais devem ser efetuados em sessão
plenária e aqueles que poderão ser concretizados noutra sede.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ulisses Pereira (PSD): — Partirei seguramente com saudades do trabalho parlamentar e das amizades
que aqui também se conseguem construir, por muito que tal pareça estranho aos que apenas valorizam as
diferenças, as discussões polémicas, o circo mediático.