14 DE MAIO DE 2019
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Não podemos esquecer nunca que a prevenção e o combate só podem contribuir para ganhar algum tempo
para que o setor florestal se reforme e as medidas estruturais produzam efeitos. Adiar medidas estruturais é
adiar resultados sustentados.
É verdade que, no ano passado, apesar de um elevado nível de risco climatérico, se registou uma redução
em 44% do número de incêndios e uma redução de 68% da área ardida relativamente à média dos 10 anos
anteriores. Mas não podemos ter ilusões: o risco estrutural persiste e as alterações climáticas acentuam-no, o
que exige determinação na execução do Programa definido em outubro de 2017. Assim como exige a continuada
mobilização de todo o País nas ações de limpeza preventiva e de consciencialização para o risco.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: É importante fazermos um ponto de situação, começando
precisamente pelas ações que reforçam a resiliência do território e das infraestruturas.
Estão já executadas, em 8600 ha, medidas de gestão da vegetação, incluindo o desenho de novos mosaicos
florestais, o recurso a fogo controlado e ações de pastoreio.
No que respeita às infraestruturas rodoviárias e ferroviárias e às redes de água e eletricidade, temos já um
total de 17 000 ha intervencionados.
Particular destaque merece o esforço de concretização da rede primária definida em 2006, em que, nos
últimos 18 meses, já executámos mais de 2000 km, ou seja, quase o dobro do executado na década anterior.
Igualmente importante é o trabalho que tem sido desenvolvido na proteção civil preventiva. Neste âmbito, foi
lançado o programa Aldeias e Pessoas Seguras, apoiando a preparação de mais de 1863 aglomerados
populacionais, tendo sido já designados 1430 oficiais de segurança local e identificados 1442 locais de abrigo.
Implementámos também uma rede automática de aviso à população, que, no ano passado, enviou mais de
18 milhões de alertas e que este ano, em 2019, já estará melhorada.
No ano passado, houve uma extraordinária mobilização de proprietários, compartes, autarquias locais para
assegurar as faixas de proteção em redor de aldeias e habitações. Este ano, este esforço tem prosseguido,
acompanhado pela intensa ação de fiscalização, em especial por parte da Guarda Nacional Republicana (GNR),
que, no final de março, sinalizou e comunicou às autoridades municipais as 31 000 situações de incumprimento
que detetou.
Temos também cumprido a reforma do modelo de prevenção e combate aos incêndios florestais,
aproximando estas duas dimensões de prevenção e combate, apostando na profissionalização e capacitação
de todos os agentes de proteção civil e promovendo a sua progressiva especialização.
Esta reorientação está, aliás, traduzida na nova orgânica do Instituto da Conservação da Natureza e das
Florestas e na da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, mas está traduzida de um modo muito
especial na afetação à prevenção de dois terços do reforço orçamental, no valor total de 212 milhões de euros,
que já asseguramos desde 2016.
Aplausos do PS.
Não obstante, não podemos descurar a necessidade de reforço dos meios de prevenção e combate,
apostando na capacitação, profissionalização e especialização dos diferentes agentes.
Já temos, neste momento, 429 equipas de sapadores florestais e estamos, por isso, confiantes de que iremos
cumprir a meta fixada por esta Assembleia da República quanto à constituição de 500 equipas de sapadores
até ao final deste ano.
No mesmo sentido, reativámos a carreira de guarda-florestal, no quadro do Serviço de Proteção da Natureza
e do Ambiente, da GNR, estando aberto um concurso para admissão de 200 novos guardas, ao mesmo tempo
que duplicámos, ao longo desta Legislatura, o número de vigilantes da natureza, no quadro do Instituto da
Conservação da Natureza e das Florestas.
Aplausos do PS.
A nova lei orgânica da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil permite integrar nos quadros os
256 Canarinhos, ou seja, os elementos da Força Especial de Bombeiros que, com a duplicação dos elementos
do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro, da Guarda Nacional Republicana, reforçam a componente de
profissionalização que o Estado assegura no dispositivo de combate aos incêndios. Mas este reforço do papel