16 DE MAIO DE 2019
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Do ponto de vista ambiental, não tenho a mais pequena dúvida de que a palavra mais marcante na ação
política não é a palavra «responsabilidade», é a palavra «ambição». E é mesmo a palavra «ambição» aquela
que nos move.
Mas é também verdade que não encontro um país que esteja a fazer mais do que nós, não encontro um país
que tenha um compromisso superior ao nosso.
As centrais a carvão vão mesmo ser encerradas antes de 2030 e, para o serem antes de 2030, tem de haver
um investimento muito consistente nas energias renováveis. Se as renováveis atribuídas por concurso tivessem
pago CESE (contribuição extraordinária sobre o setor energético), como queria o Bloco de Esquerda, ninguém
viria aos leilões e, portanto, não haveria investimento algum. Isto é rigorosamente verdade!
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Francamente!
O Sr. Ministro do Ambiente e da Transição Energética: — Se há coisa que nos preocupa é mesmo o
problema da oferta dos transportes — no metro, cresceu 14%. O que não posso aceitar é que, por uma mais do
que legítima greve às horas extraordinárias, se diga que os transportes, nestes últimos meses, funcionaram pior!
Protestos do BE.
Temos mesmo de nos concentrar e defender as condições ambientais e, para isso, descarbonizar é
absolutamente fundamental. Mais serenos e confiantes ficamos quando o nosso Roteiro nos prova que
descarbonizar cria emprego qualificado, suaviza a perda demográfica, garante maior dispersão de ocupação do
território, ou seja, descarbonizar é bom para o território e é bom para a economia.
Ao contrário do que foi dito durante muitos anos, o ambiente ajuda mesmo a economia e a descarbonização
está intrinsecamente ligada às mudanças que têm de operar-se na mobilidade e na energia.
Para reduzir as emissões no setor dos transportes em cerca de 40% até 2030, um dos compromissos mais
ambiciosos a nível mundial, teremos de realizar uma forte aposta nos transportes coletivos, na eletrificação da
mobilidade, na adoção de modos suaves e partilhados de transporte. E o Governo tem feito a sua parte.
Fez a sua parte quando apostou no transporte coletivo e removeu as barreiras ao seu uso por razões de
preço, avançando com o plano de redução do tarifário.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Mas não é para todos!
O Sr. Ministro do Ambiente e da Transição Energética: — Fez a sua parte quando decidiu apoiar
financeiramente, através do PO SEUR, a modernização das frotas de autocarros. A distribuição de mais de 700
autocarros de elevada performance ambiental em todo o País está, neste momento, em curso.
O Sr. Heitor de Sousa (BE): — Daqui a quantos anos?!
O Sr. Ministro do Ambiente e da Transição Energética: — Fez a sua parte quando decidiu apoiar a
renovação da frota de navios da Transtejo e das composições dos metros de Lisboa e do Porto. Além disso,
viabilizou a expansão das redes dos metropolitanos de Lisboa e do Porto. Somando estes cinco concursos para
a aquisição de barcos, carruagens e expansão das linhas de metropolitano, o investimento ultrapassa os 750
milhões de euros.
Fez a sua parte quando apostou na construção de 1000 km de ciclovias até 2030.
Fez a sua parte quando regulamentou a partilha de meios de transporte, o sharing, quando legislou e propôs
a este Parlamento a legislação sobre o TVDE (transporte de veículos descaracterizados), quando simplificou a
bilhética, quando voltou a dar autoestima às empresas de transporte, quando reforçou o apoio à introdução de
veículos elétricos, quando avançou com a renovação da rede de carregadores, quando abriu ao mercado o
carregamento rápido de veículos.
Elenquei importantes mudanças na mobilidade. Falarei agora da energia.
Quando passámos a tutelar esta área, a primeira coisa que notámos foi a existência de um ambiente crispado.
Uma crispação má porque, para sermos neutros em emissões carbónicas, teremos de produzir 80% da