I SÉRIE — NÚMERO 91
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Portanto, Sr. Deputado, o que me parece evidente é que é preciso reforçar esta política e fazer mais do que
se fez no passado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Sandra Cunha.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sr.as Deputadas, Srs. Membros do Governo,
tudo aquilo de que se tem vindo aqui a falar, todos os problemas levantados, já era mais do que expectável.
Na AML (Área Metropolitana de Lisboa), era mais do que expectável que a redução da tarifa do passe mensal
implicasse um aumento da procura e aumentasse a pressão sobre os transportes coletivos e públicos.
Era mais do que expectável que aquilo que nunca funcionou bem e tem sido votado não só a um profundo e
sistemático desinvestimento, pelo Governo PSD/CDS, mas também a um assobiar para o lado, por este
Governo, se transformasse num caos diário para centenas de milhares de pessoas.
Sr. Ministro, com greve ou sem greve, os transportes fluviais, ferroviários e rodoviários nunca funcionaram
nem responderam às necessidades das populações.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — É verdade!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — A greve na Soflusa é às horas extraordinárias, não é ao horário normal. O que
é impressionante é que sejam precisas horas extraordinárias para responder às necessidades habituais das
pessoas e para cumprir o serviço básico. Isso é que é extraordinário!
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — É verdade!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Na margem sul do Tejo, nomeadamente no distrito de Setúbal, as operadoras
dos transportes rodoviários também nunca responderam às necessidades das populações. Os autocarros
falham, estão degradados e não servem as populações das áreas mais remotas ou menos povoadas.
Ainda recentemente, no concelho da Moita, a carreira n.º 333 deixou diária e consecutivamente em terra
centenas de pessoas, porque o autocarro já vinha a abarrotar desde a paragem de origem.
Sr. Ministro, a população precisa de ir trabalhar e fica a ver o autocarro passar, precisa de ir ao hospital e
fica a ver o autocarro passar, precisa de ir para a escola e fica a ver o autocarro passar, não precisa de pedidos
de desculpa, precisa de respostas concretas e imediatas, precisa de soluções, já!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Como é que o Governo explica que numa travessia que serve centenas de
milhares de pessoas diariamente, a solução que a Fertagus encontra para fazer face ao aumento de passageiros
seja a de retirar os bancos das carruagens para caberem mais pessoas para irem todas em pé, amontoadas,
em viagens que, muitas vezes, duram uma hora? Como é que o Governo explica que sistematicamente se viva
o caos para fazer a travessia fluvial do Tejo? Como é que pretende resolver, no imediato, o problema da redução
do número de barcos, da falta de mestres e de marinheiros? Como é que garante que os passageiros não fiquem
nunca mais em terra a dormir numa estação fluvial?
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Srs. Ministros, mais do que desculpas, os utentes precisam é de soluções
imediatas. Do que precisam é que o Governo resolva estes problemas, já! Do que precisam é de investimento
público, de contratar trabalhadores. Não mais desculpas, mais ações, já! Mais respostas, já! Mais soluções, já!
Aplausos do BE.