7 DE JUNHO DE 2019
27
Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública). E este reforço da capacidade da EMEF para
assegurar a manutenção é absolutamente essencial, porque demoram anos a entregar as composições que
estamos hoje a comprar de novo, mas, com esses trabalhadores, temos oportunidade de recuperar as dezenas
de composições que estão há muitos e muitos anos imobilizadas, à espera de manutenção.
Ora, aquilo que tivemos de ir fazendo foi, simultaneamente, adotar medidas de curto prazo, medidas de
médio prazo e medidas de longo prazo.
A Sr.ª Deputada diz que estamos a correr atrás do prejuízo e é verdade, porque andamos desde o início da
Legislatura a reconstruir um desinvestimento de décadas na ferrovia e uma total desconstrução da capacidade
de produção e serviço no transporte público, promovidos ao longo da anterior Legislatura. É desse prejuízo que
estamos, de facto, a tentar recuperar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, é verdade, foi um prejuízo,
um desinvestimento enorme ao longo de décadas e décadas. Mas também é verdade que, nesta Legislatura,
os concursos abriram tarde e o Sr. Primeiro-Ministro sabe que entre as saídas dos trabalhadores da EMEF e as
entradas, os números que referiu não garantem a capacidade de manutenção do material necessário. O Sr.
Primeiro-Ministro sabe disso, o próprio Ministro das Infraestruturas já o admitiu. A questão que se coloca é a de
saber por que razão é que não contratam mais trabalhadores. O que é que vos impede?
Bom, mesmo para terminar, vou dizer-lhe por que razão é que Os Verdes consideram importante falar das
parcerias público-privadas (PPP) na área da saúde. Importa falar das PPP na área da saúde, porque o Serviço
Nacional de Saúde deve servir para os utentes e não para os interesses dos privados. É para isso que ele serve
e por isso é que temos necessariamente de falar das PPP.
Vamos falar, então, de uma PPP em concreto, porque Os Verdes não ficaram esclarecidos em relação ao
que o Sr. Primeiro-Ministro disse. É que, no início deste debate, o Sr. Primeiro-Ministro afirmou que o Governo
não ia fazer novas PPP. Claríssimo como água! Só que relativamente ao Hospital de Vila Franca de Xira não
vai renovar o contrato, porque faz uma avaliação negativa, o que também está claro, só não está claro o que se
vai seguir. Vai ou não passar para a esfera pública? Ou, afinal, o Governo vai mesmo fazer uma nova PPP,
prejudicando os utentes e o País?!
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, em primeiro lugar, há pouco
referi não só os 123 trabalhadores que já foram contratados para a EMEF, mas também os 102 que estão a ser
contratados para a EMEF, e se estão a ser contratados é porque são necessários e é nesse esforço que iremos
prosseguir.
A questão central em discussão na lei de bases é muito simples: ou queremos manter a atual Lei de Bases,
que foi aprovada por Cavaco Silva em 1990, e que diz que é necessário promover o setor privado, para ser
concorrencial com o Serviço Nacional de Saúde, ou aprovamos uma nova lei de bases, que diga aquilo que é
fundamental dizer, ou seja, que o Estado cumpre a sua obrigação constitucional através de um Serviço Nacional
de Saúde público, universal e tendencialmente gratuito, sem prejuízo de, temporariamente, com natureza
complementar e supletiva, poder haver formas de contratação privadas. É, aliás, curiosamente, a formulação
que já existia na lei do Serviço Nacional de Saúde que António Arnaut apresentou em 1979, a lei que a direita
revogou…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.