8 DE JUNHO DE 2019
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apenas sobre as propostas que queremos para o futuro, produzir caneladas indignas do trabalho parlamentar,
como fizeram sem qualquer dignidade.
Aplausos do PS.
É absolutamente claro — tenho de dizê-lo e sublinhá-lo — que, em todos os momentos da discussão na
especialidade sobre a norma que aqui hoje imputam como potencialmente criando o anátema de querer resolver
processos judiciais pendentes, nunca nenhum dos Srs. Deputados que usou da palavra colocou, minimamente,
a possibilidade de ser isso que estava em cima da mesa. Nunca nenhum dos pareceres recebidos por nenhuma
entidade sublinhou essa possibilidade, sequer como um vislumbre do que estava a ser feito. E, para garantir
que qualquer dúvida que pudesse existir nesse mesmo ponto seria suprimida, nós próprios apresentámos uma
norma que deixa absolutamente inequívoco que essa intenção não existia, que essa intenção não existiu em
momento algum!
Aplausos do PS.
Portanto, apelando à dignidade dos Srs. Deputados, que não a usaram quando usaram da palavra, sejamos
sérios em relação ao trabalho parlamentar que fizemos, respondam e tenham consciência daquilo que disseram,
«anatemizando» quem não merece ser anatemizado, sabendo, perfeitamente — sabendo perfeitamente, Srs.
Deputados! — que isso nunca esteve em cima da mesa e que tiveram oportunidade de o dizer e não o disseram,
precisamente porque essa intenção não existia!
Aplausos do PS.
Essa seriedade, Srs. Deputados, é aquilo que dignifica também a atividade parlamentar, o esforço e o
trabalho que aqui tem vindo a ser desenvolvido.
Discordamos de muitas destas coisas, temos visões diferentes, mas o trabalho que aqui hoje apresentamos
resulta da tentativa de uma melhoria substancial do quadro para o desempenho de funções públicas e de cargos
públicos, desde a matéria do lobby, em que nem todos acompanham estas iniciativas, mas, manifestamente, se
reforça a transparência e a capacidade de escrutínio dos cidadãos, à matéria em que se reforçam as
incompatibilidades e impedimentos em relação a matérias que não são a escolha de determinadas profissões
porque sim, porque há um capricho, mas apenas porque há determinadas atividades que, pela sua natureza,
por aquilo que sabemos do trabalho parlamentar que desempenhamos, efetivamente, geram dúvida suficiente
para poder prejudicar o prestígio das instituições.
Precisamente porque tivemos três, quatro — até já perdemos a conta — comissões de inquérito sobre
atividade do setor bancária que não nos parece desproporcionado estar a introduzir na lei uma inibição ao
exercício simultâneo do mandato parlamentar com o exercício de funções no setor financeiro, procurando
também, sempre, algo que esteve patente em todas as propostas do Grupo Parlamentar do Partido Socialista:
proporcionalidade. Isto porque proporcionalidade significa reconhecer que também há seres humanos por detrás
do exercício das funções públicas, seres humanos que têm realidades que, obviamente, não podem ser
prejudicadas e que também não podem ser beneficiadas. Por essa mesma razão, também, em matéria do setor
financeiro, acautela-se a situação de quem tem essa como sua profissão e que poderá desempenhá-la e
continuar a fazê-lo, porque é distinto iniciar atividade no setor financeiro quando se exerce um cargo de
representação do que continuar a exercer a profissão em que sempre se esteve ao longo de toda a vida.
Neste processo, que vai longo, neste processo que, recordo, foi desencadeado por iniciativa do Grupo
Parlamentar do Partido Socialista, que propôs a Comissão Parlamentar para a Transparência, que propôs, em
todas estas matérias que hoje discutimos, propostas que, efetivamente, densificam e melhoram a qualidade da
legislação que temos, há um propósito claro de todos: uma necessidade permanente de atualizar aquelas que
são as condições de exercício das funções e de cargos públicos.
Estivemos sempre presentes para esse debate no passado, continuaremos a estar e esperamos que o
resultado final seja equilibrado e que possa durar bastantes anos, até à próxima vez que for necessário melhorar
a qualidade da democracia.