8 DE JUNHO DE 2019
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Aquilo que quis que passasse despercebido mostra a tentação do PS — que é absolutamente constante —
em influenciar, em controlar e em dominar; não oferece nenhuma garantia de independência do Banco de
Portugal.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Certamente que, no CDS, nunca fomos, nem seremos, a favor de um
Banco de Portugal que não se responsabiliza por nada, nem responde perante ninguém. Mas também jamais
seremos a favor de transformar o Banco de Portugal em mais um departamento governamental, em que o PS
pode estender a longa mão da família socialista,…
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Ora!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … tal como faz na máquina do Estado.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Isso é evidente!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Em relação à questão da atuação IGF (Inspeção-Geral de Finanças),
talvez não fosse má ideia o Governo, em vez de se preocupar com o Banco de Portugal, preocupar-se, e pôr a
IGF a preocupar-se, com os abusos que a administração tributária sistematicamente anda a praticar sobre os
contribuintes. Aí talvez se justificasse uma atuação bastante mais diligente do Governo!
Por último e última crítica: o tempo. O Governo escolheu fazer esta proposta quando já não há tempo para a
discutir com serenidade.
Quando todos queriam debater, em 2017 — e o CDS foi o primeiro partido a apresentar, mas é verdade que
muitos outros o fizeram depois, em várias outras ocasiões —, o Governo recusou-se sempre a dizer o que
pretendia. Em março de 2016, convidou personalidades; em outubro de 2017, pôs uma proposta para consulta
pública; e, então, esta proposta vê a luz do dia agora, quase dois anos depois.
Sr. Secretário de Estado, nós não vamos fazer à pressa aquilo que o Governo se recusou a fazer com
serenidade e, certamente, não vamos passar cheques em branco.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Inês Domingos, do PSD.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A reforma que
o Governo nos traz hoje é uma reforma errada.
É errada, porque duplica instituições, o que, para além de acrescentar novos custos e complexidade, dilui
competências existentes no setor de supervisão, dispersa o capital humano e financeiro disponível para a
supervisão e deixa sérias dúvidas sobre quem fica, efetivamente, responsável por quê. O Governo, na melhor
tradição socialista, quer criar o pântano na supervisão.
Mas mais grave: esta proposta é errada, porque ataca de forma inusitada a independência da supervisão
financeira.
Ataca a independência dos supervisores setoriais, porque o Conselho Nacional dos Supervisores Financeiros
vai muito para lá do papel de coordenação e adquire novas competências que interferem nas competências
específicas dos supervisores setoriais.
Ataca a independência do Banco de Portugal, porque, ao mexer nas motivações para a exoneração do
governador, entra em colisão com as próprias regras do Banco Central Europeu e obriga o Banco de Portugal,
que já presta contas ao Tribunal de Contas, a estar sujeito, também, à Inspeção-Geral de Finanças.
Ataca a independência funcional da Autoridade da Concorrência, quando torna as suas receitas
completamente imprevisíveis e dependentes exclusivamente da vontade do Governo em cada ano.