14 DE JUNHO DE 2019
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dimensão singular das explorações, deixando de fora projetos que, agregados, formam extensas áreas que
ultrapassam largamente os limites mínimos que justificam a necessidade de avaliação de impacte ambiental.
Porém, esta não lhes é exigida, não se acautelando a proteção do solo, dos recursos hídricos, da biodiversidade,
do património, das populações — isto para falar apenas dos aspetos mais evidentes.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada
A Sr.ª Ângela Moreira (PCP): — Concluo já, Sr. Presidente.
Sr. Ministro, como justifica que, perante uma preocupação emergente com o ambiente, não se tomem
medidas imediatas para a avaliação e acompanhamento deste problema?
Para terminar, pergunto: está o Sr. Ministro na disposição de romper com as opções políticas de direita e de
avançar com outra política que assuma como objetivo principal a defesa dos recursos naturais, do meio ambiente
e das populações?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural,
Luís Capoulas Santos.
O Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: — Sr. Presidente, relativamente aos
Srs. Deputados Nuno Serra e Pedro do Carmo, queria dizer que não tenho nada a acrescentar, a não ser que
subscrevo, no essencial, aquilo que disseram.
Gostaria de aproveitar para responder ao Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, porque voltei a ter a sensação
de que labora em alguns equívocos. São, manifestamente, equívocos, alguns dos quais foram referidos pela
Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca.
Disse o Sr. Deputado que eu dei o exemplo da horticultura para as culturas intensivas, mas, como já foi dito,
a pera rocha do Oeste é um pomar em sebe e as vinhas são pomares em sebe. É aquele arbusto multiplicado
por quilómetros. Ora, nunca vi ninguém preocupado com o sistema de rega nas culturas em sebe. E não dizemos
pera rocha intensiva, não dizemos maçã de Alcobaça intensiva, nem dizemos vinho do Porto intensivo! Tudo
isso são culturas intensivas, portanto o problema não está em chamar-se intensivo, ou não.
Digo-lhe mais: do ponto de vista do ambiente, as culturas intensivas têm vantagens. E porquê? Primeiro,
porque havendo mais plantas por hectare, há maior captação de carbono. Em segundo lugar, existe fertirrigação,
o que significa que a adubação é feita com a rega, ou seja, quer isto dizer que a adubação é descontinuada ao
longo do tempo. Já na cerealicultura, por exemplo, o adubo é colocado todo de uma vez, pondo-se a questão
da escorrência quando vem a chuva.
Neste momento, temos em Portugal cerca de 200 000 ha de cereais e temos 50 000 ha de olivais no Alqueva.
Os cereais de Portugal levam o dobro dos agroquímicos do olival, mesmo daquele a que chamam de intensivo
e de superintensivo! Portanto, acho que se criou um mito e que se não for descodificado para o cidadão comum
levará a opinião pública a laborar num erro e, qualquer dia, até nem consomem azeite!
Srs. Deputados, desse ponto de vista, já viram o perigo que este debate representa?! O azeite é um alimento
saudável, cada vez mais reconhecido como tal em todo o mundo. Se estamos a dar aqui a ideia de que é
perigoso comer azeite, se o olival tem todos estes malefícios, se faz mal à saúde, se tem agroquímicos, se tem
pesticidas, se tem herbicidas, então, só pode dar um produto péssimo! Temos de ter muito cuidado com as
declarações que fazemos, porque o azeite é dos melhores produtos que temos para a saúde humana.
Sr. Deputado, o senhor, se calhar, ignora que — enfim, não tem obrigação de saber, como é óbvio —, nos
últimos anos, a União Europeia reduziu o uso de mais de 100 pesticidas.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Porque eram cancerígenos!
O Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: — Os agricultores queixam-se disso,
porque, nalguns casos, deixam de ser competitivos, não tendo produtos para atacar as doenças e têm produções