I SÉRIE — NÚMERO 95
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mais baixas, precisamente porque a União Europeia tem vindo a reduzir drasticamente o número de pesticidas,
mais de 100, nos últimos seis ou sete anos. Portanto, acho que não podemos insistir nesse discurso.
A Sr.ª Deputada Ângela Moreira voltou a incorrer nos mesmos erros: agroquímicos e pesticidas. Diga-me
qual é a atividade agrícola, a não ser aquelas que estão em modo de produção biológica ou de proteção
integrada, que este Governo tem promovido e defendido. Gostava de lembrar que foi este Governo que pôs em
execução a estratégia nacional para a agricultura biológica. É este Governo que tem as medidas agroambientais
e que consagra, nos fundos comunitários, cerca de 30% a 40% de medidas que têm carácter verde.
Portanto, somos os primeiros a defender uma agricultura sustentável, uma agricultura que tende, cada vez
mais, para uma agricultura biológica. Devo dizer que há muitos olivais, vários hectares, a que os senhores
chamam intensivos, que estão em modo de produção biológica e até em modo de produção integrada.
A Sr.ª Deputada falou ainda no consumo de água destas «culturas malditas». Gostava de dar-lhe alguns
valores: o olival gasta, em média, 2500 m3 por hectare; o tomate gasta 8500 m3; o pimento gasta 9000 m3; a uva
de mesa gasta 6000 m3; o melão gasta 7000 m3 por hectare; as fruteiras, maçãs, peras, gastam entre 7000 e
9000 m3 por hectare. Portanto, são precisamente o olival — seja ele intensivo ou não, porque os consumos de
água são iguais — e o amendoal as culturas menos consumidoras de água. Se hoje podemos ter mais área no
Alqueva, cujo perímetro inicial foi concebido para 120 000 ha e vai chegar aos 180 000 ha, isso só é possível
por causa da área de olival, porque a área de olival, gastando menos água, libertou terreno para ser utilizado
noutras culturas.
Srs. Deputados, acho que este debate tem sido esclarecedor, mas tem sido, também, um debate que visa
exatamente o contrário daquilo que os seus promotores pretendiam, porque demonstra que, afinal, estas são
culturas que não diferem das outras e que, portanto, não há nenhuma razão para serem catalogadas como
culturas malditas, muito pelo contrário.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Vamos passar ao encerramento deste debate. Tem, de novo, a palavra o Sr. Ministro
da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.
O Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados: Queria apenas reafirmar aquilo que procurei dizer na resposta que dei a todos os Srs. Deputados,
voltando a agradecer ao Partido Ecologista «Os Verdes» o facto de ter trazido o tema a debate, porque acho
que este é um tema que carece de muito debate na sociedade portuguesa pelas razões que foram aqui
exuberantemente expostas, até porque este debate, falando das culturas ditas intensivas ou superintensivas,
acabou por ser, sobretudo, um debate centrado no empreendimento de Alqueva, onde elas têm maior
implantação.
Durante muitos anos, para não dizer muitas décadas, eu e outras pessoas que aqui estão, como o Sr.
Deputado João Oliveira, como o Sr. Deputado Norberto Patinho, como o Sr. Deputado Pedro do Carmo e outros,
batemo-nos por este empreendimento e, ao longo destes anos, assistimos sempre a argumentos que
diabolizavam o investimento. Começaram por dizer, até vozes insuspeitas e credíveis da nossa sociedade, que
o Alqueva nunca encheria, porque o Guadiana não tinha água para isso. Durante anos, combatemos o
argumento de que aquilo era um «elefante branco», porque o sistema mediterrânico irregular faria com que
houvesse cheias periódicas, mas o Alqueva já encheu três vezes. A seguir, dizia-se que o preço da água nunca
seria competitivo, que não havia nenhuma cultura que pudesse ser rentável. Demonstrámos também que, com
o preço da água — que, aliás, este Governo já baixou em 30% —, é possível ter todas estas culturas rentáveis.
Depois, havia quem dissesse, vozes credíveis da nossa sociedade, que era um empreendimento que só ia servir
para instalar campos de golfe. Para vos dizer a verdade, não conheço nenhum campo de golfe nos quase 100
000 ha já instalados. Agora, nos últimos meses, vem esta história do olival. Esta diabolização do olival tem de
ser esclarecida e desmontada, como foram todas as demais.
Considero, por isso, Sr. Presidente, Srs. Deputados, que demonstrámos, neste debate, que este é um
problema que carece, obviamente, de ser estudado. Não dizemos que não há impactos negativos — todas as
atividades humanas sobre o território, sobre os solos, têm impactos negativos. Ficou demonstrado que o
Governo está a estudá-las e que está aberto a adotar as medidas que técnica e cientificamente se justifiquem