14 DE JUNHO DE 2019
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O investimento público, que dificilmente poderia descer, continuou e continua hoje a níveis abaixo de 2010,
porque o Governo optou por canalizar toda a margem de manobra que tinha para a redução acelerada do défice,
cumprindo as imposições de Bruxelas.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza) — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — O Orçamento do Estado para 2017 e a sua execução, tal como os orçamentos
seguintes, confirmam que, para aprofundar a reposição de rendimentos e direitos, para dar resposta aos
problemas dos serviços públicos, do SNS, da escola pública, para dar resposta aos problemas estruturais do
País, é preciso romper com essas imposições e esses constrangimentos.
É esse o caminho de que o País precisa para assegurar um futuro de desenvolvimento, de soberania e de
progresso social.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza) — Ainda neste ponto, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr.
Deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira.
O Sr. Paulo Trigo Pereira (N insc.): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo:
Por que razão estamos aqui a debater a Conta Geral do Estado? Porque o artigo 107.º da Constituição da
República diz que «A execução do Orçamento será fiscalizada pelo Tribunal de Contas e pela Assembleia da
República, que, precedendo parecer daquele tribunal, apreciará e aprovará a Conta Geral do Estado (…)». Mas
será que esta Casa da democracia aprecia a Conta Geral do Estado por razões meramente legais e
constitucionais ou aprecia-a por razões substantivas, isto é, pela importância de esclarecer quer a execução
orçamental do Estado, quer a situação patrimonial do Estado, os seus ativos, o stock da dívida financeira, a
dívida não financeira, etc.? Tentarei responder a estas questões no final.
Comecemos pelo enquadramento: para além do parecer do Tribunal de Contas, sobre a Conta Geral do
Estado de 2017 incidiram os pareceres do Conselho Económico e Social, da UTAO (Unidade Técnica de Apoio
Orçamental) e, também, os pareceres setoriais de 12 comissões permanentes, enviados à COFMA (Comissão
de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa), que, por sua vez, fez um parecer adicional final.
No total, foram escritas 873 páginas nos pareces sobre a Conta de 2017. Não me parece que 873 páginas
signifiquem ter uma apreciação robusta da Conta Geral do Estado e uma fiscalização. Costuma dizer-se que
«muita informação mata a informação». É o caso. Não precisamos de tantas páginas escritas sobre a Conta.
Temos, portanto, um problema estrutural de apreciação e de fiscalização política que tem de ser resolvido.
Vamos, agora, ao cronograma. Hoje é dia 12 de junho, estamos a discutir a Conta de 2017. As ilações que
surgem desta Conta só terão impacto no Orçamento para 2020, com outro governo em funções. É preciso
encurtar este período. A nova lei de enquadramento orçamental que vai entrar em vigor já no ano que vem,
nestes artigos, encurta o período e ainda bem. Este é um problema também estrutural, mas que vai ser resolvido.
As condições deste debate parlamentar, uma grelha de 3 minutos, a meu ver, significa que o Parlamento não
dá importância nenhuma à Conta Geral do Estado. Repito, para se oiça bem: o Parlamento não dá importância
condigna à Conta Geral do Estado, ou seja, à fiscalização das receitas e das despesas públicas, à situação
financeira do País, ao endividamento do País, e talvez por isso tenhamos ido três vezes à bancarrota. Deixo isto
para vossa reflexão.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Antes de passarmos ao quarto ponto da ordem de trabalhos,
pedia ao Sr. Deputado António Carlos Monteiro que desse conta da entrada de vários diplomas na Assembleia.
O Sr. Secretário (António Carlos Monteiro): — Sr. Presidente e Srs. Deputados, deram entrada na Mesa, e
foram admitidas, várias iniciativas legislativas: os Projetos de Resolução n.os 2189/XIII/4.ª (Os Verdes) —
Reabilitação urgente da Escola Secundária de Azambuja, no distrito de Lisboa, 2190/XIII/4.ª (BE) —